Politica

Um dia após nova crise, PMDB diz que conflitos com governo foram dissipados

postado em 05/02/2011 07:20
Escanteado no setor elétrico, o PMDB da Câmara recolheu as armas. Pelo menos por enquanto, a ordem é manter a calma e aguardar o momento certo de retomar a guerrilha. Por isso, quem ouvir hoje o líder da sigla na Casa, Henrique Eduardo Alves (RN), jamais poderá imaginar que há dois dias ele ameaçava entregar todos os cargos que o partido detém no governo. ;A conversa com Antonio Palocci (ministro da Casa Civil) foi muito positiva, afinamos a viola. O governo está sensível aos partidos da base aliada. O ministro Edison Lobão escolheu Decat. Então, puxei o freio de mão. Vamos procurar outro espaço para a bancada do Rio. A partir de agora, o PMDB decidirá tudo em conjunto. Furnas foi o último decidido só pelo nosso ministro;, comentou Alves, referindo-se ao engenheiro Flávio Decat, anunciado novo presidente de Furnas pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, na quinta-feira.

Alves conversou com Palocci sobre os cargos que o PMDB gostaria de manter. Nesse rol está a Diretoria Internacional da Petrobras. O deputado citou ainda o fato de o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles ter sido convidado pela presidente Dilma Rousseff para assumir a Autoridade Publica Olímpica (APO), cargo que estava reservado para o PCdoB. ;Meirelles ainda está analisando, mas o PMDB fica muito feliz;, afirmou Alves. ;Tudo está muito bem com o governo. O ruído no setor elétrico é página virada. Já foi esclarecido;, disse.

Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara: No caso do setor elétrico, ficou definido que José Antonio Muniz, ex-presidente da Eletrobras, será deslocado para a Eletronorte. Falta apenas a oficialização. A Chesf seguirá sob a tutela do PSB. O nome mais cotado é o do secretário de Recursos Hídricos de Pernambuco, João Bosco de Almeida, que já foi diretor da empresa. A Eletrosul deve ficar mesmo com o PT.

Em meio aos pedidos, o PR, que domina o setor de transportes, também aguarda o seu quinhão em outras áreas. A cúpula do partido deseja indicar diretores da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco do Brasil como forma de compensar a possível entrega da Valec, a empresa responsável pela Ferrovia Norte-Sul, ao PT. O nome mais cotado para o cargo hoje é o do ex-deputado Virgílio Guimarães, que concorreu ao governo de Minas como candidato a vice na chapa encabeçada pelo ex-senador Hélio Costa (PMDB).

Troco
O PMDB vai esperar que o quadro do segundo escalão ; pelo menos no que se refere aos principais cargos ; esteja fechado para decidir quando e como tirar as armas do armário. Os peemedebistas concluíram que, neste início de governo, não é momento de impor suas vontades. Até porque, como pré-candidato a presidente da Câmara em 2013, Alves não quer estremecer as relações desde agora.

A bola está com a presidente Dilma, como esteve com Luiz Inácio Lula da Silva de 2003 até o escândalo do mensalão, em 2005, quando ele precisou do PMDB na Câmara. Como diz um ministro do governo, ;nenhuma equipe é montada para durar quatro anos;.

Os peemedebistas esperam que essa configuração em curso com maioria de petistas e indicações próprias do Planalto dure bem menos.

Do BC para a Infraero
; Vânia Cristino
O diretor de Liquidações do Banco Central (BC), Antonio Gustavo do Vale, foi surpreendido com a divulgação da notícia de que será o novo presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), embora, a amigos, houvesse confidenciado a possibilidade de deixar o BC. Já se comentava essa hipótese quando o ex-presidente do banco Henrique Meirelles deixou a instituição e se filiou ao PMDB. A expectativa era que Meirelles sugerisse o nome de Vale para algum cargo no Executivo, como ocorreu.

Caso seja confirmado para a Infraero, a vida de Vale não será fácil. O principal desafio é colocar os aeroportos em condições de atender a crescente demanda, principalmente tendo no horizonte a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Capacidade de enfrentar problemas, no entanto, é o que não falta no extenso currículo de Vale, mineiro de Caratinga e funcionário de carreira do Banco Central. Ele é o decano entre os diretores da instituição e está no cargo desde maio de 2003.

No banco, construiu uma carreira sólida. Cuidou de áreas estratégicas como consultor da Diretoria de Regimes Especiais, hoje Liquidações, e foi chefe adjunto do Departamento de Fiscalização.

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