Dacar (Senegal) ; O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a exigência das centrais sindicais de aumento real do salário mínimo este ano, quando a regra prevê a reposição da inflação do ano anterior e aumento real com base na variação do Produto Interno Bruto de dois anos antes. ;Não é uma boa política mudar o acordo a cada ano. Se é verdade que PIB vai dar zero este ano, ano que vem vai dar oito, tem compensação;, afirmou o ex-presidente, pouco antes de participar de uma das discussões do Fórum Social Mundial, em Dacar, capital do Senegal.
;O que não pode é nossos companheiros sindicalistas quererem mudar a regra do jogo a cada momento. Ou você aprova a regra na Câmara e todo mundo fica tranquilo, ou você tem oportunismo;, afirmou Lula, lembrando que a ;proposta não é do governo, é um acordo;.
As centrais sindicais querem que o governo conceda aumento real para o mínimo, ignorando a regra que prevê aumentos com base no crescimento econômico que, em 2009, não houve, por causa da crise financeira mundial iniciada em 2008. ;É natural que as centrais queiram um aumento maior que a inflação;, disse João Felício, secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ex-presidente da entidade, que também está em Dacar. ;A nossa pretensão é [elevar o salário mínimo para] R$ 580. Caso não consigamos convencer o governo, vamos levar essa luta para o Congresso Nacional e para a sociedade.;
Segundo Felício, a CUT não está propondo mudança na regra de correção do mínimo. "Estamos propondo ter o aumento real já este ano. No ano que vem a gente volta a discutir a regra antiga;. Para ele, empresas, governos estaduais e prefeituras beneficiaram-se da melhora da economia e estão em condições de pagar um mínimo maior, ;o que também aumenta a arrecadação da Previdência, sempre usada para justificar a decisão de não aumentar mais;, afirmou o sindicalista.
Lula declarou que pode até conversar com os antigos companheiros, mas não irá interferir na questão. ;Não é mais minha tarefa conversar. O governo e o Congresso devem fazer isso;.