Politica

Gilberto Carvalho reforça defesa do minimo de R$ 545

postado em 08/02/2011 20:06
Dacar (Senegal) - O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou que o governo não vê espaço para conceder um aumento de salário maior, como pedem as centrais sindicais. O governo propõe um valor de R$ 545 para o mínimo.

;Na questão do mínimo, entendemos que não há mais negociação;, disse o ministro. ;Mas a pauta não se restringe a isso. Temos ainda que discutir o reajuste da tabela do Imposto de Renda e outros pontos;, afirmou Carvalho. O reajuste na tabela, ;justo;, segundo ele, deve começar no patamar de 4,5%, referente à inflação.

[SAIBAMAIS]Segundo o ministro, o valor estipulado de R$ 545 é ditado pelo acordo de 2007, que assegura até 2023 a inflação e o ganho real baseado no Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos anteriores. ;Pode ocorrer um acidente como agora, mas já para o ano que vem será em torno de 13%, juntando a inflação real e a prevista.;

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) nega que esteja pedindo o rompimento do que foi acertado há quatro anos. ;Queremos que o acordo seja mantido;, disse o diretor executivo da CUT, Antonio Lourenço. ;Mas também queremos que, neste ano, em função da crise, o acordo crie uma excepcionalidade e o salário mínimo possa sofrer um aumento maior do que está previsto.;

Carvalho diz que é a pressão das centrais sindicais é ;natural;, assim como, ao governo, dizer não ao pedido. ;Quando se está no governo, deve-se ter muito cuidado para não fazer nenhuma bravata ou promessa que depois não se cumpra. Preferimos manter agora esse acordo, não dando um aumento significativo ; praticamente só a reposição da inflação - para que no ano que vem a gente possa honrar esse compromisso.;

O ministro e diretor executivo da CUT participaram hoje (8) de eventos no Fórum Social Mundial, em Dacar, Senegal. Na mesa sobre a cooperação Sul-Sul do seminário Pensar adiante: a caminho do novo paradigma de desenvolvimento, da Fundação Friedrich Ebert, Carvalho defendeu a posição brasileira de optar pela diversificação de mercados, iniciada no governo Lula.

;Países que apostaram na cooperação Sul-Sul estão numa situação nitidamente melhor do que os que se submeteram a tratados individuais;, afirmou o ministro. ;Acreditamos que uma nova relação é possível e nosso intercâmbio entre países do Sul pode permitir a elaboração de novas alternativas e propostas.;

Respondendo às perguntas da plateia, Carvalho disse que ;seria falso reivindicar para o governo brasileiro a classificação de socialista.; Porém, disse ele, ;se entendermos que esquerda é colocar os recursos públicos à disposição dos excluídos, criar empregos que dê um mínimo de dignidade e dar mais que possibilidade de sobrevivência aos agricultores familiares, penso que somos, sim, um governo que pende para a esquerda;.

Ele reconheceu que há uma enorme quantidade de grandes propriedades no Brasil e que o latifúndio ;é necessário para trazer divisas provenientes de exportação;, mas o governo se esforça para valorizar a agricultura familiar. ;Temos ainda um grande caminho a percorrer. O processo de transformação de uma sociedade não é fácil.;

Em outra mesa, o ministro falou das iniciativas brasileiras de se aproximar da África para saldar parte da ;dívida impagável; que tem com o povo do continente. Segundo ele, o ;velho modelo de apoio à África faliu;, porque o dinheiro enviado como ajuda ficava com as lideranças políticas e econômicas, que não o distribuíam. O modelo adotado pelo Brasil, segundo ele, inclui transferir tecnologia econômica e social.

Carvalho lembrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em 29 países africanos e abriu 19 embaixadas no continente. Entre os projetos de cooperação, destacou a abertura de uma sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Gana para transferir conhecimentos sobre o cerrado brasileiro, a fim aplicá-los na savana africana. Ele lembrou a inauguração da Universidade Afro-Brasileira no Ceará e falou da ideia de aplicar o financiamento para estudantes africanos no Brasil.

Também no evento, o sindicalista guineense Estevão Gomes Có lembrou que muitas das dificuldades enfrentadas pelos africanos já foram superadas pelos brasileiros. ;Estamos em um debate com o governo agora para criar o salário mínimo. Ainda não temos esse direito;, disse o representante da União dos Trabalhadores da Guiné-Bissau. ;A Guiné Bissau passou por muitas crises e guerras, mas agora está calma. É o momento;.

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