Politica

Senado desobstrui área de segurança ocupada por parlamentares

postado em 15/02/2011 09:30
Servidores do anexo I da Câmara comemoraram a desobstrução da área de segurança ocupada por gabinetes de senadores e secretaria do Senado na área comum do prédio que liga as duas Casas. Reportagem do Correio publicada ontem mostrou que os escritórios de Gim Argello (PTB-DF), Renan Calheiros (PMDB-AL) e a Secretaria de Pagamento de Pessoal do Senado avançaram sobre o corredor destinado à rota de fuga de funcionários da Casa, projetada para casos de incêndio ou incidente que demande rápido esvaziamento do prédio.

Funcionários do 14;, 15; e 16; andar já haviam encaminhado cinco denúncias reclamando da ocupação irregular da saída de emergência, mas a área continuava obstruída. Apesar de os órgãos de inspetoria das Casas detectarem irregularidades na ocupação das saídas de emergência, as reclamações dos servidores para o cumprimento de diretrizes de segurança esbarravam no poder político dos ocupantes dos corredores que deveriam funcionar como área de segurança.

Até a tarde de ontem, as saídas de emergência que tinham se transformado em recepções dos gabinetes de Gim e Renan foram desocupadas. Os sofás, mesas e equipamentos que obstruíam as passagens foram retirados ontem. No 16;, onde funciona a Secretaria de Pagamento do Senado, a rota de fuga permanecia, ontem, repleta de móveis e computadores. O Senado informa que, até sexta-feira, a área estará livre.

Renata Almeida Sabbat ; integrante da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e funcionária de um dos andares que tiveram a passagem de emergência obstruída pelos puxadinhos ; guarda os ofícios das reclamações feitas à direção da Casa. A servidora torce, no entanto, para que a área não sofra nova invasão depois de algum tempo. Apesar de os móveis terem sido retirados, as portas de vidro que dividem a Câmara e o Senado no anexo I permanecem. Nas paredes, martelos e chaves das portas estão afixados para que os servidores destranquem a passagem diante de situação de ameaça à segurança, mas a funcionária diz que, em caso de alerta de evacuação do prédio, a barreira pode provocar uma tragédia. ;O risco real é de as pessoas em pânico se atropelarem, se machucarem;, afirma Renata.

Móveis de luxo
Os gabinetes do anexo I são os mais disputados pelos senadores pela localização privilegiada e o espaço. Apesar do tamanho dos escritórios, Gim e Renan decidiram fazer um puxadinho e equiparam a saída de emergência para funcionar como sala de espera, com direito a mobiliário de luxo e recepcionistas. Persianas foram instaladas para isolar a invasão do lado da Câmara, que permanece aberto, funcionando parcialmente como uma saída de emergência. A invasão garantiu ampliação de pelo menos 25 metros quadrados em relação à planta original do gabinete dos parlamentares.

O senador Gim Argello atribuiu a utilização do espaço à grande demanda que o gabinete recebeu à época em que o parlamentar foi indicado para a relatoria do Orçamento. De acordo com a assessoria do senador, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros não identificaram irregularidades. A Secretaria de Engenharia do Senado, no entanto, admitiu que a área deve ficar aberta para funcionar como rota de fuga em caso de incidentes. Os prédios do anexo I têm 28 andares e abrigam grande parte dos 5 mil servidores da Casa. As passarelas que ligam a Câmara e o Senado foram projetadas para ampliar o acesso dos servidores a rotas de saídas do anexo I. Em cada prédio, há apenas uma escada interna e dois pares de elevadores.

Desde 2009
Funcionários da Câmara e representantes da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) do Congresso encaminharam cinco denúncias contra a ocupação irregular da área de emergência no Senado. O primeiro ofício foi protocolado em abril de 2009. No mesmo ano, outra reclamação foi feita em maio. Em março e setembro de 2010 os servidores voltaram a pedir providências, mas foram ignorados. Neste ano, após invasão do 16; andar, os funcionários encaminharam o quinto ofício, protestando contra a obstrução da saída de emergência.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação