postado em 24/02/2011 08:24
Em uma hora de conversa no 3; andar do Palácio do Planalto, o senador Paulo Paim (PT-RS), histórico defensor de reajustes maiores para o salário mínimo e para os aposentados, abriu mão de sua proposta de R$ 560 e levantou a bandeira dos R$ 545 do governo, valor que não recupera a corrosão do orçamento familiar por conta da disparada da inflação.Para o recuo bastou uma conversa amena sobre tempos de panfletagem em porta de sindicato, dietas de emagrecimento e dificuldades eleitorais do passado. Dilma sequer fez imposições, pediu a colaboração. ;Teu voto tem uma simbologia de luta no salário mínimo. Para nós é importante estarmos todos juntos;, afirmou a presidente ao senador. A conversa foi acompanhada pelo ministro da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho.
Depois do encontro, Paim não só encampou os R$ 545 como adotou o discurso forjado dentro do Palácio do Planalto. Ele disse ser importante aprovar a política permanente de valorização do mínimo. Lembrou que no ano que vem o reajuste vai ser superior a 12% e que os percentuais dos anos seguintes serão bastante pujantes, num discurso que ecoa as orientações da equipe econômica. O projeto de lei aprovado pelo Congresso garante até o valor fixado para 2015 a fórmula de variação percentual do crescimento econômico de dois anos anteriores mais a inflação medida pelo INPC. Nessa lógica, o senador fez até uma previsão otimista. Disse que, com Dilma, o salário mínimo vai superar os US$ 1.000. ;Com essa política, vamos chegar acima dos US$ 1.000;, afirmou.
Aposentados
Como explicação para o recuo, o senador disse que Dilma prometeu discutir uma alternativa ao fator previdenciário e abrir a discussão sobre uma política de valorização para aposentados que recebem acima do piso (leia mais na página 5). Paim chegou ao Planalto às 9h45 de ontem, 15 minutos antes do horário agendado pelo chefe de gabinete da presidente, Gilles Azevedo. Como é de praxe nas agendas palacianas, teve de esperar. Entrou no gabinete de Dilma precisamente às 10h16 e foi logo recebido com um elogio. ;Como você emagraceu!”, exclamou a presidente.
Dilma lembrou que durante a campanha ela e o ex-presidente Lula ficaram preocupados com o peso de Paim. O senador comentou que chegou a pesar 112kg e decidiu emagrecer depois que sua médica disse que ele corria o risco de desenvolver diabetes ou problema nos rins. Paim contou para Dilma que já perdeu seis quilos com uma dieta rigorosa de pontos. A presidente lembrou também do fiml da década de 1970, quando os dois juntos distribuíram panfletos no sindicato de Canoas na primeira campanha eleitoral de Paim..
Não foi só a conversa com a presidente que fez Paim mudar de ideia. Ele entrou no Palácio do Planalto disposto a votar a favor do reajuste de R$ 510 para R$ 545. Na véspera do encontro, conversou com o senador Pedro Simon (PMDB-RS) que fez uma recomendação. ;O Simon pediu para eu refletir melhor minha posição e dar um voto de confiança à presidente;, afirmou o petista, que relatou a conversa para Dilma. ;A presidente está ótima na negociação política;, elogiou Paim.