postado em 04/03/2011 08:36
Em uma solenidade que durou menos de 15 minutos, prestigiada por convidados que lotaram o plenário e os salões do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, 57 anos, tomou posse ontem à tarde no cargo de ministro da mais importante Corte do país. Escolhido pela presidente Dilma Rousseff, Fux assumiu a cadeira deixada em agosto por Eros Grau, que se aposentou. Magistrado de carreira, o carioca Luiz Fux disse estar ;tranquilo e pronto para decidir; casos polêmicos, depois de perguntado se sente alguma pressão por ter a missão de desempatar os processos que tratam da validade da Lei da Ficha Limpa para as eleições do ano passado.;Para mim, não tem problema nenhum. Trabalho há 35 anos nessa atividade de julgar;, disse o novo ministro. Em ocasiões anteriores, Fux já havia falado sobre a lei, classificando-a como ;um avanço em prol da moralidade;. Ele, porém, disse que estudaria cada aspecto da norma antes de tomar uma posição quanto a sua validade.
Por volta das 16h30, Fux foi conduzido ao plenário pelos ministros Dias Toffoli, até então o mais recente do Supremo, e Celso de Mello, o decano, e recebeu muitos aplausos antes de prestar o compromisso. Depois, passou mais de uma hora recebendo os cumprimentos dos convidados, durante o coquetel oferecido por entidades jurídicas no edifício-sede do STF.
Alguns convidados repetiram a rapidez da cerimônia na hora de cumprimentar o novo ministro. Uma das primeiras autoridades a sair do evento, Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara dos Deputados, ressaltou como ;um dos temas mais importantes na pauta do Supremo; o processo que definirá de quem é o direito à vaga dos parlamentares licenciados ; se do suplente do partido ou da coligação. ;É um assunto que tem impacto direto na Câmara;, afirmou. Quanto ao novo ministro, Maia desejou boas-vindas. ;Espero que ele tenha um mandato de êxito e que possa contribuir para o crescimento e o desenvolvimento do país.;
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, mencionou as qualidades técnicas de Fux, a quem chamou de ;grande juiz;. ;Acho que ele é o ministro que, com os demais, exercerá o papel que esperamos do Judiciário;, afirmou. Apesar de esbanjar nos elogios, Cardozo foi econômico ao responder como espera que o novo ministro julgue o processo de extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti ; um dos assuntos mais espinhosos enfrentados por sua pasta nos últimos tempos. ;Vamos aguardar o julgamento;, limitou-se a responder Cardozo.
Especialista
Filho de um romeno naturalizado brasileiro, Luiz Fux é um dos grandes especialistas em processo civil do país e autor de 20 obras. Judeu, casado e pai de dois filhos, ele iniciou a carreira em 1976, como advogado da Shell Brasil, no mesmo ano em que se graduou em direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde atualmente é professor. Fux foi promotor de Justiça no Rio, magistrado da Justiça fluminense e ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
EROS GRAU SE DESPEDE DOS EX-FUNCIONÁRIOS
O ministro Eros Grau, que se aposentou em agosto abrindo a vaga para a qual Luiz Fux foi indicado, fez questão de cumprimentar, do lado de fora do cercado reservado a convidados da cerimônia de posse, os antigos funcionários de seu gabinete. Ele abraçou cada um dos cerca de 20 servidores que o acompanharam ao longo dos últimos seis anos. Em tom de brincadeira, chamou um deles de ;grande cafajeste;, arrancando risos dos demais. Insistiu para que não perdessem o contato e cogitou levar alguns deles para seu escritório, em São Paulo. ;É bom ver vocês, todo mundo com a cara boa;, disse, rodeado pelos ex-subordinados. Ao voltar para a área reservada do coquetel da posse, Eros estava visivelmente emocionado. (DA)