postado em 09/03/2011 07:00
Entra presidente, sai presidente, mudam os ministros e eles continuam no mesmo cargo. Na estrutura do Executivo, há nomes que sobreviveram às reformas do primeiro e do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e ainda figuram na lista de comandantes de pastas e autarquias do governo da presidente Dilma Rousseff. Na Esplanada dos Ministérios, há pelo menos 10 sobreviventes do primeiro e do segundo escalão que acompanharam Lula na primeira gestão e permanecem firmes e fortes no mesmo cargo. Alguns deles se tornaram intocáveis por conseguir aliar o perfil técnico à blindagem política necessária aos postos. O presidente do Banco do Nordeste, Roberto Smith, é um exemplo da longevidade que a gestão técnica e a bênção de fortes aliados dos presidentes pode proporcionar. Ele assumiu o banco em fevereiro de 2003 e teve o aval de sua permanência à frente da instituição este ano, depois de indicação dos irmãos Cid e Ciro Gomes ; governador do Ceará e ex-ministro da Integração Nacional, respectivamente. Outra intocável dos bancos públicos é Maria Fernanda Ramos Coelho. Funcionária de carreira, preside a Caixa Econômica Federal desde o primeiro mandato de Lula.
Autarquia federal pertencente à estrutura do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já teve três ministros desde que Lula recebeu pela primeira vez a faixa presidencial. O Incra, no entanto, continua com o mesmo presidente há mais de oito anos. Quando Rolf Hackbart tomou posse, Miguel Rosseto era o ministro da pasta. Em 2006, Guilherme Cassel assumiu o comando do ministério, mas Hackbart permaneceu no cargo. Passados o primeiro e o segundo mandato de Lula, o economista gaúcho permanece à frente do instituto no governo Dilma. Entre os sobreviventes de 2003 também está Eduardo Pereira Nunes, presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nunes é funcionário de carreira do IBGE desde 1980 (veja quadro ao lado).
Enem
Na Esplanada montada por Dilma, 15 ministros e funcionários com status de ministro foram herdados do governo Lula. Mas alguns, além de atravessarem as duas gestões do petista, também conservaram o mesmo cargo na montagem ministerial da presidente. Fernando Haddad foi nomeado ministro da Educação em 2005, encerrou o primeiro mandato de Lula na mesma função, conservou o cargo nos quatro anos seguintes e foi mantido no posto pela nova presidente. Apesar da repercussão negativa da sucessão de erros da pasta na aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Haddad integra a lista de intocáveis da herança do ex-presidente Lula. Apesar de não ter perfil eminentemente técnico e não integrar nenhum grupo expressivo do PT de São Paulo, o ministro da Educação é considerado homem de confiança de Lula.
Outro que já adquiriu usucapião da pasta é o ministro do Esporte, Orlando Silva. À frente da instituição desde 2006, após a saída de Agnelo Queiroz ; atual governador do Distrito Federal ;, o ministro entrou na cota do PCdoB e já enfrentou crises que atingiram diretamente seu nome, como o escândalo do cartão corporativo, mas permaneceu no cargo. Em 2008, Orlando Silva foi acusado de usar o cartão corporativo para pagar indevidamente diárias de hotel e, até mesmo, tapiocas. Um dos mais firmes da lista é Guido Mantega, titular do Ministério da Fazenda desde 2006. O economista iniciou a gestão Lula como ministro do Planejamento, mas ainda no primeiro mandato do petista foi para a Fazenda e de lá não mais saiu. Nome forte na estrutura do governo, é considerado uma referência de estabilidade para manter a imagem do país junto a investidores estrangeiros.
Na Petrobras, os petistas Sérgio Gabrielli e Guilherme Estrella são nomes considerados imexíveis na estrutura da estatal. Gabrielli iniciou o governo Lula como diretor de Relações com Investidores na empresa de petróleo e ainda no primeiro mandato já presidia a Petrobras. O petista histórico Guilherme Estrella está no comando da diretoria de Exploração e Produção, uma das maiores da estatal, desde o início do governo Lula.
Entre as ;inspiradoras;
A presidente Dilma Rousseff é considerada uma das 100 mulheres mais ;inspiradoras; da atualidade. O ranking, elaborado pelo jornal britânico The Guardian, foi publicado em homenagem ao Dia das Mulheres. As escolhidas estão divididas em categorias e Dilma divide espaço com personalidades como a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e a ex-primeira ministra britânica Margaret Thatcher no grupo político.
Apesar da homenagem à presidente, o jornal pontua que durante a campanha presidencial Dilma se omitiu sobre assuntos relacionados aos direitos das mulheres, como o aborto. A presidente é apresentada na publicação como ;uma guerrilheira socialista que resistiu à prisão e à tortura;. Na categoria música, a cantora Lady Gaga integra a lista das 100 mais inspiradoras.
Homenagem
Para marcar presença no Dia Internacional da Mulher, Dilma divulgou nota em que ressalta a importância da Lei Maria da Penha e afirma que o público feminino é uma das vítimas da miséria. ;Quanto mais pobre a família, maior a chance de que ela seja chefiada por uma mulher. Estou convencida de que uma política bem-sucedida de eliminação da miséria deve ser focada na mulher e na criança.;
Depois de quatro dias de descanso na Barreira do Inferno, base da Aeronáutica do Rio Grande do Norte, a presidente voltou ontem a Brasília. Dilma passou o feriado de carnaval em companhia da filha Paula e do neto Gabriel. A presidente embarcou ontem carregando um buquê de flores, presente da Federação das Mulheres do Rio Grande do Norte.