postado em 16/03/2011 09:59
O aviso do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, sobre a nomeação de Geddel Vieira Lima para a Vice-Presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal (CEF) abriu a temporada de colheita dos cargos na base governista. No mesmo pacote, abriu-se o caminho para Sérgio Dâmaso, indicado pela bancada de Minas Gerais, comandar o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Orlando Pessuti será vice-presidente de Agronegócio do Banco do Brasil. O chefe do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) também será mantido.Dos cargos, nenhum foi de indicação direta do Senado, o que fez os parlamentares acenderem o pisca-alerta. Ontem, por exemplo, os senadores do PMDB fizeram uma reunião em que começaram a pensar formas de recuperar o prestígio político da Casa. O elenco de propostas inclui a mudança na tramitação de medidas provisórias. Eles reclamam que hoje tudo chega apenas para ser homologado, sem debate. ;O poder político está com a Câmara;, comentou o líder da legenda, Renan Calheiros (AL).
Embora esses dois temas ; tramitação de MPs e cargos ; sejam tratados de forma separada, alguns admitem nos bastidores que essa pode ser uma das formas de os senadores do partido recuperarem cargos perdidos para o PT e para a Câmara. O posto conferido a Geddel é exemplo. O ex-senador José Maranhão, candidato derrotado ao governo da Paraíba, constava como um dos nomes de indicação dos senadores peemedebistas para a Vice-Presidência de loterias da CEF. Palocci, no entanto, fez chegar ao PMDB que a presidente deseja limitar o número de políticos nos bancos oficiais.
Por ora pacificado, o PMDB aguarda uma série de outras indicações, assim como os demais partidos aliados. No caso do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), o partido cogitou inicialmente nomear o comandante, mas o PT bateu o pé e Dilma vai manter Roberto Schmidt, do Ceará. A presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Maria Fernanda Ramos Coelho, também continuará onde está.
Um dos desafios entre os peemedebistas agora é encontrar um lugar ao sol para o ex-governador da Paraíba. Os senadores da sigla acreditam que estão perdendo terreno e que os nordestinos ; à exceção do líder da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), que manteve o diretor-geral do Dnocs, e do próprio Geddel ; estão a ver navios. Além de estar prestes a perder para o PSB a indicação do superintendente da Sudene (leia quadro), o PMDB ainda verá o ex-governador Iberê Ferreira (PSB) nomeado secretário nacional de Recursos Hídricos do Ministério da Integração.
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Da lista inicial de 76 cargos preparada pelo PMDB, menos de dez foram confirmados, incluindo Henrique Meirelles na Autoridade Pública Olímpica ;mais uma decisão de Dilma do que propriamente uma indicação patrocinada. O número pode parecer tímido perto dos 21,8 mil cargos de livre nomeação por parte da presidente, mas é significativo porque são os mais estratégicos.
Até mesmo o ministério da Micro e Pequena Empresa, que o PSB recusou no início do governo, agora é motivo de cobiça. O PTB planeja indicar para o cargo o senador Armando Monteiro Neto (PE), mas o PT tem outros planos. Desde que Paulo Okamoto, amigo de Lula, deixou o Sebrae, o partido busca uma posição para acomodá-lo. No meio da disputa velada, entra novamente o PSB, agitando o nome de Ciro Gomes, ex-ministro da Integração, hoje recolhido e fora do burburinho da política.
Ciro tem surgido na conversa como alguém no banco de reservas e que pode ser convocado para o governo, caso Dilma decida fazer uma reforma no primeiro escalão. Afinal, conforme o Correio antecipou há alguns dias, não são poucos os ministros que estão em ;estágio probatório;.
Agências ;técnicas;
Outra frente de disputa é nas agências reguladoras, onde Dilma já afirmou que deseja apenas quadros técnicos. Da parte do PMDB, o partido está focado na indicação para a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), à qual gostaria de reconduzir Antonio Bedran. O PT planeja um representante paulista do partido. Os peemedebistas querem ainda duas diretorias da Agência Nacional do Petróleo (ANP), uma para indicação da Câmara e outra do Senado. Mais um motivo de litígio entre deputados e senadores se Dilma, como no caso da CEF, abrir apenas uma vaga à sigla.