Politica

Anônimos e políticos acompanham o velório e cremação do ex-vice-presidente

Na lembrança de todos eles, fica a imagem do homem que lutou pela vida até o fim

Isabella Souto, Alice Maciel
postado em 01/04/2011 07:00
Belo Horizonte ; Com lágrimas, aplausos, orações e homenagens, milhares de pessoas acompanharam ontem o cortejo pelas ruas da capital mineira e o velório do ex-vice-presidente José Alencar no Palácio da Liberdade ; antiga sede do governo de Minas Gerais. Entre a chegada à capital e o deslocamento até o cemitério onde ocorreu a cremação, os moradores de Belo Horizonte tiveram quase quatro horas para se despedir de Alencar. Na lembrança de parentes, políticos, empresários e populares ficou a imagem do homem simples de Muriaé, na Zona da Mata, que venceu no meio empresarial e político e lutou pela vida até o fim.

Desde a noite de quarta-feira, o salão do Palácio da Liberdade começou a ser preparado, com três cruzes feitas com antúrios e rosas brancas, para o último adeus a José Alencar. Cerca de 200 coroas de flores enviadas por parentes e amigos enfeitaram a passarela por onde o caixão passou, carregado por policiais militares e bombeiros ; que antes da chegada do corpo ensaiaram várias vezes os passos. No arranjo encomendado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia a mensagem: ;Ao meu querido companheiro, eterna gratidão. Saudades. Lula, Marisa e filhos;.

Lula fez questão de participar da cerimônia na capital mineira, mesmo tendo comparecido ao velório no Palácio do Planalto, na quarta-feira. Visivelmente emocionado, chegou ao local pouco antes do meio-dia e não conteve as lágrimas. Abatido, disse: ;ele foi muito mais que um vice, era mais forte que eu;. O petista esteve em Belo Horizonte acompanhado da presidente Dilma Rousseff e do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Dilma não quis falar com a imprensa, assim como várias outras autoridades que também estiveram na capital mineira, entre elas o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e o senador Pedro Simon (PMDB-RS).

Tapete vermelho
Pouco antes de o caixão ser fechado, familiares e autoridades participaram de uma missa no Palácio da Liberdade, celebrada pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo. Ao final, o velório ficou restrito aos familiares que, ao lado de dona Mariza ; viúva de Alencar ; rezaram um pai-nosso e uma ave-maria. Emocionados, acompanharam a saída do corpo pelo tapete vermelho até o Cadillac que o levou até o crematório de Contagem. Na despedida, assim como durante toda a passagem por Belo Horizonte, muita comoção.

Políticos exaltaram Alencar durante a cerimônia. ;Ele deixou um exemplo muito grande. Não só na sua vida empresarial vitoriosa, como nós temos comentado. Ao mesmo tempo, na sua vida política, igualmente muito exitosa;, afirmou o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia. Já o senador Aécio Neves (PSDB-MG) creditou ao ex-vice-presidente a garantia da implantação de uma fábrica de fertilizantes em Uberaba, Triângulo Mineiro, pela Petrobras. ;Ele, muito firme naquele instante, pegou o telefone e ligou para a então ministra da Casa Civil, hoje presidente da República, Dilma, e disse que não aceitaria que Minas Gerais mais uma vez ficasse num plano secundário em relação aos investimentos;, disse.

O ex-ministro do Desenvolvimento e Combate à Fome Patrus Ananias destacou a relação desapegada de Alencar com os cargos que ocupou. ;Ele sempre levou seu jeito mineiro, sua simplicidade e espontaneidade. Me lembro de ele dizer que só tinha uma tristeza: a de ver que muitos brasileiros não podiam ter o tratamento que ele teve;, lembrou Patrus. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, lamentou a morte do amigo, mas disse que ele ;tem lugar lá em cima melhor do que aqui;. O ex-ministro Walfrido dos Mares Guia relembrou os anos de convivência com Alencar e registrou: ;Destaco, além da coragem e da luta para viver, a solidariedade enorme que ele teve a vida inteira e a lealdade e correção com o Lula durante esses anos todos. Perdemos um grande brasileiro e um grande líder;, afirmou.

;A família está unida como ele sempre fez questão. O grande legado dele é a fé, perseverança, vontade de viver e tratar a morte como a vida;
Rodrigo Garçoni, sobrinho de José Alencar

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