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Trabalhadores fazem condições para voltar aos canteiros de obras do PAC

Em reunião com governo e empresários, centrais sindicais exigem reajuste salarial e melhorias na segurança e na hospedagem para que trabalhadores descruzem os braços

postado em 01/04/2011 07:00

Com uma estimativa de 60 mil trabalhadores de braços cruzados em canteiros de obras, a maioria deles do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as centrais sindicais aproveitaram a rodada de negociação com governo e empresários, ontem, para pressionar por suas reivindicações. Além do pedido de preparação dos municípios do interior para receber grandes empreendimentos e da cobrança por reajuste salarial e condições de segurança, alimentação e hospedagem, os trabalhadores incluíram na lista de pleitos viagens a cada três meses para rever a família com passagens aéreas custeadas pelos empresários.

Por ora, o único acordo reconhecido é em torno da extinção dos ;gatos;, figuras que contratam pessoas em uma cidade e as deslocam para outro município com falsas promessas. A prática, segundo os empresários, será extinta. Representantes da Odebrecht e o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique, também discutiram, sempre mediados pelo secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, o futuro das obras na usina hidrelétrica de Santo Antônio (RO). Só lá, 18 mil trabalhadores estão de braços cruzados e mais de R$ 14 bilhões esperam por serem investidos.

Os sindicalistas querem a antecipação da data base de 1; de maio para abril (5% de reajuste salarial) e ampliação de 20% no valor da cesta básica, também a partir deste mês (veja quadro). O valor pularia de R$ 110 para R$ 132. Os trabalhadores cobram também mais opções de plano de saúde para garantir atendimento em municípios próximos e o fim da perda de 20% com o cartão ;bigcard;. Segundo a CUT, o comércio local cobra 20% de ágio sobre o uso dos cartões, como se fosse uma taxa de administração.

Uma exigência inusitada, mas que a CUT acredita ser possível, é a garantia de o trabalhador voltar para casa a cada três meses com despesas pagas pela construtora. De acordo com a central, os trabalhadores ficariam cinco dias em casa com as famílias e teriam o deslocamento de avião, ida e volta, pago pela empresa. ;Santo Antônio tem um número pequeno de pessoas que moram longe. É uma exceção. Cerca de 30% dos trabalhadores de lá moram em municípios distantes da obra, ao contrário de Jirau, onde 70% dos operários residem longe do canteiro;, afirmou.

Complexidade
A mesa tripartite surgiu como proposta para resolver impasses em diversos canteiros pelo país (veja Entenda o caso). A suspensão dos serviços em Santo Antônio foi determinação da própria construtora, que teve receio de ver no local as cenas de destruição registradas na hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, e no Rio Madeira. Nos dois locais, houve incêndios e quebra quebra. De acordo com o presidente da CUT, Arthur Henrique, a situação em Jirau é complexa. Na quarta-feira, ele se reuniu com representantes da Camargo Côrrea ; responsável pelo empreendimento ;, mas não houve avanço. Em Santo Antônio, os cinco pontos foram apresentados aos empresários e estarão na pauta da assembleia dos trabalhadores, segunda-feira.

Hematomas e detenções
Os sindicalistas apresentaram fotos de supostos hematomas em cinco trabalhadores da usina hidrelétrica de São Domingos (MS) que teriam sido torturados pela polícia. Os operários estão parados desde a semana passada e destruíram as instalações dos canteiros. Cerca de 80 pessoas foram detidas. O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, teria dito na reunião que isso ultrapassava as questões trabalhistas e invadia o campo de direitos humanos.


Na mesa de negociação

A Central Única dos Trabalhadores (CUT), responsável pelas negociações com as empresas que realizam as obras de Santo Antônio (RO), tem cinco reivindicações para contornar os problemas e fazer com que os trabalhadores voltem ao canteiro da hidrelétrica

Reajuste no bolso
Antecipação da data base da categoria, que normalmente é em maio. A central sindical quer pelo menos 5% de reajuste a partir de abril para os trabalhadores.

Auxílio ponte-aérea
;Volta para casa; a cada três meses. Hoje, os trabalhadores que moram longe de casa voltam para suas cidades a cada cinco meses. A CUT quer que os funcionários façam os deslocamentos de ida e volta de avião, custeados pelas empresas, e passem cinco dias com as famílias.

Cesta ampliada
Antecipação do aumento de 20% do valor da cesta básica a partir de abril. Passaria dos atuais R$ 110 para R$ 132.

Plano mais útil
Mais opções para garantir atendimento de saúde aos trabalhadores nos municípios onde trabalham. Hoje, segundo a CUT, há dificuldades para a realização dos atendimentos por falta de opção.

Cartão armadilha
Acabar com a perda de 20% com o ;bigcard;, concedido pela empresa aos trabalhadores. Segundo a CUT, o comércio local cobra 20% de ágio sobre o uso dos cartões, espécie de taxa de administração.

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