postado em 02/04/2011 07:00
Os caciques do PSDB tentam hoje acertar os ponteiros e encontrar um discurso capaz de livrá-los do estigma que os tem acompanhado nas três últimas eleições presidenciais: o da derrota para o PT. Em meio à discussão interna de sucessão no comando partidário prevista para maio, os oito governadores tucanos participam de encontro em Belo Horizonte, onde será apresentada uma estratégia para ;modernizar; a legenda. Com a tarefa de unificar paulistas e mineiros, evitando mais um racha nas próximas articulações eleitorais, o presidente Sérgio Guerra, que deve ser reconduzido ao cargo, já fala em um ;choque de democracia;.Diante das sucessivas derrotas para o ex-presidente Lula e, no ano passado, para Dilma Rousseff, os tucanos entendem que precisam rever conceitos. ;Precisamos atualizar o discurso, modernizar o partido;, afirma Guerra. A unidade também é uma preocupação. Depois dos rachas entre os grupos tucanos ligados ao senador mineiro Aécio Neves e ao ex-governador paulista José Serra, que disputaram a possibilidade de concorrer à Presidência em 2010, o partido caminha para a criação de um conselhão político, que atuará na definição dos rumos nos próximos pleitos. Seria o fim das decisões de cúpula.
;Quanto mais democracia, melhor;, diz Guerra. Estarão presentes os oito governadores tucanos: Antonio Anastasia (Minas Gerais), Anchieta Júnior (Roraima), Beto Richa (Paraná), Geraldo Alckmin (São Paulo), Marconi Perillo (Goiás), Simão Jatene (Pará), Siqueira Campos (Tocantins) e Teotônio Vilela Filho (Alagoas). Eles também almoçam com integrantes das bancadas federal e estadual. Com pouco espaço como oposição, os tucanos querem fazer barulho e, para isso, afinar os discursos e encontrar marcas para se firmar diante dos eleitores.
Para Guerra, o partido precisa propor uma nova agenda e tentar identificação com novos grupos, como a juventude. O deputado federal atribui a expressiva votação da então candidata à Presidência Marina Silva (PV) a essa vontade do eleitor de mudança nos discursos políticos. ;O PSDB daqui a quatro anos e, desde agora, deve se colocar em um novo imaginário, cuidar da unidade e da contemporaneidade do discurso;, afirma. Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin defendeu ontem um rodízio anual no comando do PSDB, lembrando que a prática era aplicada quando foi criado o partido. Ele também é favorável ao conselhão, que teria líderes tucanos discutindo os rumos da legenda. Nos bastidores, a ala paulista estaria defendendo o nome de José Serra para o comando do partido, embora ele próprio negue a pretensão. Já os mineiros são pela reeleição de Sérgio Guerra.
Segurança
A pauta de reunião dos governadores também tem agendas administrativas. Depois de uma palestra na área de marketing político, o governador Geraldo Alckmin fará exposição sobre a área de segurança pública. O evento será encerrado com uma conferência do governador Anastasia sobre educação. É o segundo encontro do grupo, que se reuniu pela primeira vez em dezembro, em Maceió. O presidente do PSDB mineiro, deputado Marcus Pestana, reforçou a necessidade de unidade. ;Será um fórum para compartilhar políticas e criar marcas, com programas e linhas comuns;, afirmou. ;Devemos fazer projetos comuns, unificando, inclusive, os nomes, para solidificar nossas marcas;, disse.
PRB nega fusão com PSD
Com a morte do ex-vice-presidente José Alencar, lideranças do PRB tentam juntar os cacos em busca de um rumo para a legenda. O presidente nacional do partido, deputado federal Vitor Paulo (RJ), negou ontem a possibilidade de fusão com o Partido Social Democrático (PSD), criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM). ;Isso não existe. Não cogitamos e nunca fomos sondados por ninguém ligado ao prefeito Kassab. Mesmo se fôssemos consultados, não aceitaríamos;, afirmou. O dirigente defende que o partido lance candidatura própria nas principais capitais do país. Hoje, o partido tem 54 prefeitos e 802 vereadores