Logo nos primeiros dias de governo, a anunciada disputa por cargos entre PT e PMDB teve o ápice com a sucessão na Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Quase 100 dias depois do embate entre o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o líder peemedebista na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), a fundação continua em compasso de espera, sem definição e sob o comando incerto de Faustino Barbosa Filho. Pelo menos outras oito estatais desperdiçaram os últimos 100 dias submersas pela falta de definição do Palácio do Planalto quanto aos cargos de direção. Em alguns casos, estiveram quase à deriva.
O Banco da Amazônia (Basa) e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) permanecem sob gestão praticamente interina. Há oito anos no BNB, Roberto Smith tenta seguir à frente da instituição, mas deve ser substituído por Miguel Cícero Lima, indicação do PT do Ceará. No Basa, a diretoria atual segue em banho-maria ; embora uma troca geral já tenha sido acenada pelo Ministério da Fazenda.
Da mesma forma, companhias energéticas como a Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), a Eletrosul Centrais Elétricas e a Eletronorte continuam com as diretorias antigas, mesmo com indicativos fortes de mudanças. Em 100 dias, nomes foram especulados para as três centrais, mas em nenhuma houve dança das cadeiras. Mesmo com o apagão em vários estados no início do ano, a Chesf continua presidida por Dilton Oliveira, indicação do PSB, feita pelo governador pernambucano, Eduardo Campos. O cargo era cobiçado pelo secretário de Recursos Hídricos do estado, João Bosco Almeida, mas a troca não-efetivada. No restante da diretoria, compartilhada por PT e PMDB, não houve alteração.
Na Eletrosul, a tendência é de que Eurides Mescolotto permaneça no posto. A Presidência da companhia chegou a ;pular de mãos; ; o atual secretário executivo da Secretaria de Relações Institucionais, Cláudio Vignatti, chegou a ser cotado. Com a acomodação dos principais nomes petistas de Santa Catarina na Esplanada, a disputa pela posição esfriou, mas segue em aberto. Na Eletronorte, a Presidência era vista como prêmio de consolação para José Antônio Muniz Lopes, que perdeu o comando da Eletrobrás. Indicado por José Sarney (PMDB-AP), no entanto, ele permaneceu na diretoria de transmissão da estatal, dando sobrevida, ao menos temporária, a Josias Mattos de Araújo.
;Imexível;
Somente agora, 100 dias depois de a presidente Dilma Rousseff subir a rampa do Planalto e assinar a nomeação dos ministros, a situação das estatais ganha contornos. As principais pendências estão nos setores financeiro e energético. Tida inicialmente como ;imexível;, a Caixa assistiu à troca de Maria Fernanda Coelho por Jorge Hereda. Pelo menos uma vice, a de gestão de pessoas, permanece vaga. No Banco do Brasil, Ademir Bendini permaneceu na Presidência, mas alguns subordinados foram substituídos para dar lugar a indicações políticas, como o ex-senador Osmar Dias (PDT-PR), agora titular da Vice-Presidência de agronegócio.