postado em 12/04/2011 07:30
Pequim ; A falta de consenso sobre a ampliação do Conselho de Segurança das Organização Nações Unidas (ONU) impediu que diplomatas dos cinco países integrantes do Brics fechassem ontem o comunicado conjunto que os chefes de estados devem assinar na próxima quinta-feira, em Sanya, na reunião de cúpula do grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e, agora, a África do Sul. As dificuldades surgiram por conta da indefinição do novo integrante. Os sul-africanos não querem avançar o sinal sobre o tema, sem antes obter uma posição mais firme dos países do continente africano em relação ao assunto.A África do Sul tem manifestado nas reuniões internas que gostaria de apresentar uma candidatura de membro permanente do Conselho de Segurança, mas, como a Tunísia e o Egito fizeram movimentos nesse sentido, ela prefere não avançar. Alem disso, os africanos cobram o ingresso com poder imediato de veto, situação em que o Brasil não tem a mesma visão.
O G4 ; Brasil, Japão, Índia e Alemanha ; colocam a necessidade de ampliação de seis vagas, a desses quatro países e mais dois africanos. O G4, no entanto, não tem analisado a questão do veto, mas aceita integrar o conselho sem, inicialmente, ter o poder que cabe hoje aos demais membros do conselho permanente (leia Para saber mais).
Além da questão da África do Sul, há ainda o que a diplomacia considera uma posição ambígua da China em relação ao tema. Até o momento, a China têm defendido a ampliação, mas para acolher os países africanos. O que trava o avanço da posição chinesa é a dificuldade em aceitar o vizinho Japão.
A indefinição da África do Sul e a ambiguidade chinesa podem terminar por levar o Brics a tratar da ampliação do Conselho de Segurança da ONU da mesma forma que ocorreu nas duas reuniões de cúpula anteriores, ou seja, defender a reforma do conselho, mas sem mais detalhamentos. Amanhã à tarde, em Sanya, os diplomatas dos cinco países farão uma nova reunião para ver até onde é possível avançar. Se não houver consenso, a posição do grupo sobre a reforma do Conselho de segurança da ONU será genérica.
[SAIBAMAIS]A presidente Dilma Rousseff chegou às 10h30 da manhã de ontem (23h30 de domingo em Brasília) em Pequim. Ela foi recebida pelo ministro de Relações Exteriores da China, Yang Jiechi. A comitiva seguiu direto para o hotel, onde Dilma permaneceu durante todo o dia em reuniões sobre os acordos a serem assinados e nos três discurso de hoje. Nem acompanhou a filha, Paula, na visita à Muralha da China, distante uma hora de Pequim.
Aliança
O termo Bric, criado em novembro de 2001 pelo economista Jim O;Neill, designa os quatro principais países em crescimento do mundo: Brasil, Rússia, India e China. Eles formam uma aliança por meio de tratados de comércio e de cooperação assinados em 2002 para alavancar o crescimento. Estudos apontam que a economia desses países, juntos, vai superar a dos EUA em 2015. Brasil e Rússia produzem de alimentos e petróleo e fornecem matéria prima. Os negócios de serviços e de manufatura estariam principalmente localizados na Índia e China, devido à concentração de mão de obra e tecnologia, respectivamente. Em dezembro, o grupo convidou formalmente a África do Sul para entrar no grupo. Com isso, a sigla ganhou a letra S (de South Africa) e passou a se chamar Brics.