Politica

Empresários brasileiros cobram postura mais clara nos acordos comerciais

postado em 12/04/2011 07:42
Andrade lidera uma comitiva de empresários brasileiros em PequimPequim ; Paralelamente aos investimentos em equipamentos de computação e telecomunicações e dos acordos da Embraer, a grande aposta do Brasil no que se refere às exportações para a China é o setor de alimentos. A Marfrig Alimentos S.A. aproveitou a visita da presidente Dilma Rousseff ao gigante asiático para anunciar que irá construir duas joint ventures no país. Serão seis centros de distribuição nas principais cidades chinesas, incluindo a capital, Pequim. O projeto engloba investimentos de US$ 252 milhões em 10 anos e, a partir de 2012,quando começar a funcionar, as associações de empresas terão capacidade de processamento de 200 mil aves por dia.

Liderados pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, os empresários brasileiros desembarcaram em Pequim e Hong Kong decididos a cobrar dos chineses uma postura mais clara sobre acordos comerciais envolvendo a compra de produtos brasileiros de maior valor agregado. ;Não podemos ficar exportando só commodities porque o que gera inteligência, produtividade e competitividade é o desenvolvimento tecnológico, principalmente, industrial. Nenhum país rico tem uma indústria pobre. Se os chineses querem entrar no mercado brasileiro, é preciso saber como podemos entrar aqui;, comenta Andrade.

Além de cobranças aos chineses, Andrade lista uma série de fatores da economia interna brasileira que precisam ser discutidos com o governo no sentido de aumentar a competitividade. ;Os chineses funcionam com barreiras tarifárias e técnicas, que nós não conseguimos. Temos diversas coisas para tratar internamente ; infraestrutura, tributação, encargos trabalhistas. Aqui, não tem encargos, trabalha-se 16 horas por dia. No Brasil, não é assim;, comentou o presidente da CNI.

[SAIBAMAIS]Minas
Andrade se referiu ainda ao fato de os chineses comprarem minas no Brasil e não permitirem a compra na China. ;O Brasil é uma economia aberta, mas tem que ser aberta para o que nós queremos. No caso da mineração, hoje, um investidor brasileiro não consegue comprar uma mina na China. Não sou contra o capital estrangeiro, temos investimentos da África do Sul, do Canadá, mas podemos comprar na África do Sul, na Austrália e no Canadá. Acho que temos que criar um mecanismo de reciprocidade. Se não podemos investir aqui, por que eles podem investir no Brasil? Podemos começar a destravar determinadas discussões. O Brasil será a quarta ou quinta economia do mundo. E ninguém pode ser a primeira esquecendo o Brasil;, disse Andrade.

O presidente da CNI está com o discurso pronto para hoje, quando receberá a presidente Dilma no encerramento do fórum empresarial, antes do encontro dela com as autoridades chinesas ; momento em que a presidente deverá cobrar do governo de Pequim a reciprocidade que o empresariado brasileiro deseja.

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