Politica

Países do Brics dependentes de importações de petróleo terão mais problemas

Rosana Hessel
postado em 12/04/2011 07:44
Segundo Luis Otávio Leal, do banco ABC Brasil, a Índia tende a sofrer efeitos do petróleo e da retração asiáticaA economia dos países do Brics ; grupo de nações emergentes de crescimento acelerado integrado por Brasil, Rússia, Índia e China ; terá desempenho diferenciado em 2011 e 2012, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O organismo multilateral reduziu em 0,2 ponto percentual as projeções de crescimento da Índia tanto neste ano quanto no próximo, mas manteve as de avanço do Brasil e da China em relação às feitas em janeiro. A Rússia teve aumentadas em 0,3 ponto percentual as estimativas de avanço neste ano e em 0,1 ponto em 2012, conforme dados do relatório Panorama Econômico Global, documento de 242 páginas divulgado ontem pelo FMI, em Washington.

As novas previsões indicam que a Índia avançará 8,2% este ano e 7,8% no seguinte. A Rússia, um dos países mais atingidos pela crise financeira global e que encolheu 7,8% em 2009, parece dar sinais de recuperação. Cresceu 4% em 2010 e, segundo o Fundo, evoluirá 4,8% em 2011 e 4,5% em 2012. Já as projeções para Brasil e China, no mesmo período são, respectivamente, 4,5% e 4,1%; e 9,6% e 9,5%.

Essas estimativas estão atreladas a uma contida alta nos preços do barril do petróleo. O organismo multilateral considera um preço médio de US$ 107 este ano, contra US$ 79 do ano passado. O valor da commodity continua subindo em função das tensões políticas nos países árabes, mas ainda não chegou aos cerca de US$ 150 alcançados em 2008, antes da crise financeira global. ;O mercado já considera o preço médio do barril entre US$ 122 e US$ 123;, comentou o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal.

As economias que dependem das importações de petróleo vão ter maiores problemas com o contínuo aumento do preço da commodity. ;A Índia tem esse perfil e, portanto, sofrerá mais o impacto desse aumento que os demais integrantes do Brics. O país também depende muito do mercado asiático, que deverá desacelerar devido à retração do Japão (maior economia da região);, explicou Souza Leal, lembrando do terremoto e do tsunami que há um mês devastaram a costa leste do país e mataram mais de 13 mil pessoas no mês passado. Já a Rússia, grande produtor e exportador de petróleo, está com as projeções elevadas;, completou.

[SAIBAMAIS]Realidade
Em relação ao Brasil, o economista do banco ABC considera as avaliações bastante otimistas até mesmo em relação às últimas estimativas do Banco Central, que espera um avanço de 4% na economia este ano. ;Existe um atraso na computação dos dados do FMI e esse relatório ainda não leva em consideração as últimas medidas macroprudenciais adotadas pelo governo federal para frear o consumo diante da forte valorização do real;, disse Souza. ;Eles também não estão considerando a desvalorização do dólar. Acho que as previsões do BC estão mais próximas da nossa realidade;, completou.

Na avaliação de Breno Carlos, assessor da corretora de valores TOV, o mercado reagiu com indiferença aos dados do FMI. Segundo ele, a queda de 0,81% do Índice Bovespa ontem não refletiu preocupação com os alertas para com o aumento dos preços, especialmente na América Latina. ;O índice rompeu os 70 mil pontos na semana passada. Agora, após vários dias de alta, o mercado está realizando lucros. É preciso cair para voltar a subir;, completou.

O FMI reduziu em 0,2 ponto percentual as estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ; soma de tudo o que é produzido no país ; do Japão, para 1,4% neste ano. As previsões de crescimento para o PIB mundial foram mantidas: de 4,4% neste ano e de 4,5% ano que vem.


Estimativas

Variação do PIB (%) - 2011 - 2012
Brasil - 4,5 - 4,1
Rússia - 4,8 - 4,5
Índia - 8,2 - 7,8
China - 9,6 - 9,5
Mundo - 4,4 - 4,5

Fonte: FMI/Panorama Econômico Global, abril/2011

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