postado em 20/04/2011 08:00
Os ministros mais próximos da presidente Dilma Rousseff se uniram para criticar estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que aponta que dez dos 13 aeroportos a serem usados na Copa de 2014 não deverão ficar prontos a tempo. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, foi o mais enfático.Ele desqualificou o estudo dizendo que ;um pesquisador do Ipea juntou recortes de jornal e resolveu fazer aquele pronunciamento;. A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, também demonstrou insatisfação com as informações divulgadas pelo instituto ligado à própria Presidência. ;O estudo do Ipea tem um ponto de vista.
Nós temos outros dados para lidar com isso;, rechaçou. Apesar do discurso afinado, há uma preocupação no horizonte. Carvalho reconhece que o ritmo de andamento dos empreendimentos terá de ser acelerado. ;Temos de trabalhar, sim, uma necessidade de intensificar, daqui para a frente, as obras;, afirmou.
O ministro ressaltou que o coordenador de Infraestrutura Econômica do Ipea, Carlos Campos, ;não está autorizado e não representa a posição do governo;. Já o relatório produzido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e apresentado na segunda-feira aponta problemas no percurso mas indica que as obras estarão concluídas até 2014. A expectativa do TCU é de que os 600 mil turistas que venham ao Brasil ver os jogos da Copa encontrem os aeroportos prontos nas 12 cidades-sedes.
;O governo, naturalmente, está preocupado em tomar todas as medidas, mas não há desespero e irresponsabilidade. Estamos procurando realizar tudo dentro do previsto, com cuidado, respeitando as normas;, avalia Carvalho.
A torcida e a confiança do governo para que tudo dê certo se baseiam nas experiências de outros países que tiveram problemas com o andamento das obras, mas conseguiram sediar grandes eventos. ;Todo mundo achava que ia haver problema na Alemanha (2006), na África do Sul (2010) e em Londres (Olimpíadas de 2012), mas as Copas aconteceram e a Olimpíada vai ocorrer. No Brasil é o mesmo. Trabalharemos firmemente com estados e municípios para garantir a execução das obras;, ressaltou Miriam. Ela lembrou que as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as ações de redução da extrema pobreza estão listadas como prioridades na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2012.
Vira-lata
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, acredita que o ritmo das obras depende dos períodos
estabelecidos em cada projeto e dos prazos de maturação. ;Muita gente professa desgraça e acha que o Brasil não tem condição de sediar um grande evento. Fico espantando de ver gente apostando na desgraça. O Brasil já deu demonstração de competência e capacidade. Há certos setores da sociedade que parecem que ainda não venceram o complexo de vira-latas.
O governo acredita nas empresas, nos sindicatos, nos operários e nas responsabilidades que os estados estão assumindo. Faremos, sim, uma grande Copa do Mundo;, garante.
Para evitar greves e outros problemas referentes aos canteiros de obras, o governo aposta nos acordos que estão sendo firmados para melhorar a relação entre operários e empresários da construção civil. Sindicalistas e patrões, com o auxílio do Planalto, negociam os pontos de reivindicação para não prejudicar o cronograma a ser cumprido.
Regime diferenciado será votado em um mês
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), informou que a proposta de regime diferenciado de contratações públicas para contratos necessários à realização da Copa e das Olimpíadas será incluída na Medida Provisória n; 521, que dispõe sobre atividades do médico-residente e prorroga o prazo de pagamento da gratificação para servidores requisitados pela Advocacia-Geral da União. ;O projeto está em discussão entre a base e a oposição e deve ser votado em um mês;, afirmou. Para ele, essa será a forma de acelerar as obras de aeroportos e estádios. ;Não será permitido aditamento acima de 25% do preço orçado;, disse Vaccarezza.