Politica

Aliados enxergam festa do 1° de Maio como o retorno de Lula ao sindicalismo

postado em 26/04/2011 07:58
De volta à ribalta da política, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem sendo requisitado para uma avalanche de eventos e de temas. As centrais sindicais apostam na festa de 1; de maio, no próximo domingo, como a volta formal dele à frente do movimento trabalhista. Já o PT o quer como mascate da reforma política e da sucessão de 2012, ano das eleições municipais.

Diante de tantos pedidos, Lula está decidido a selecionar. Irá ao 1; de maio em São Paulo, mas ainda não confirmou se estará presente na reunião do diretório petista em Brasília, onde o assunto será a reforma política. Nesse universo, ele promete centrar fogo em dois pontos: O financiamento público exclusivo e a lista partidária, aquela em que o eleitor vota num partido e a legenda é quem diz a ordem dos deputados. O fato de centrar seu esforço nesses dois pontos tem lá suas razões, avisam alguns petistas. A principal delas é a de que o PT está convencido de que, se houvesse financiamento público, não haveria mensalão.

Lula na entrada da missa em homenagem ao trabalhador em 1º de maio de 2006: ex-presidente quer discutir temas da reforma política com os movimentos sociaisE para conquistar uma parcela do eleitorado em favor dessas mudanças, a ideia de Lula é reunir movimentos sociais em breve para discutir os temas. Na avaliação de que o ex-presidente tem feito com petistas e aliados, se não houver uma pressão da sociedade civil organizada, o Congresso não fará a reforma política. Mas, com a sociedade batendo à porta, a aprovação da reforma se viabiliza ; como foi o caso da Lei da Ficha Limpa, uma proposta que os congressistas não queriam, mas que terminaram aprovando por pressão da sociedade.

Justamente dentro dessa perspectiva de engajar a sociedade que Lula esteve ontem no Rio de Janeiro. Um dos encontros previstos para troca de ideias seria ontem à noite, com o músico Chico Buarque. Os dois continuam amigos e Lula quer ouvir todas as classes e categorias que puder.

O ex-presidente está convencido de que não deve concorrer à Presidência da República novamente. A um amigo, foi claro: ;Primeiro, dificilmente, eu faria um mandato melhor do que já fiz e teria a popularidade que tive. E segundo, essa fase passou. Agora tenho outras missões;, afirmou, citando a sua intenção de ajudar Dilma a fazer um governo ;tão bom que ela seja reeleita;.

Compromissos
O fato de achar que não deva concorrer à Presidência da República não quer dizer que ele vá deixar de lado o seu passado. Ele deseja, por exemplo, voltar mesmo às portas das fábricas em breve e vai aproveitar o 1; de maio para estreitar ainda mais seus laços com o berço de sua carreira política, o movimento sindical. Da eleição em 2002 ao fim do mandato de oito anos, Lula festejou com as centrais apenas uma vez, em 2010, quando precisava do apoio das entidades trabalhistas para eleger Dilma Rousseff (veja Memória ao lado).

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC aguarda Lula na Festa do Trabalhador deste ano. A presença do ex-presidente nas missas de São Bernardo do Campo se repetiu ao longo dos dois mandatos. Mas os companheiros de militância planejam ;reapresentar; o ex-presidente aos trabalhadores sem faixa e sem todo aparato estatal.

Além da participação nas comemorações do 1; de maio, o sindicato prepara uma festa para inaugurar ;a volta à porta de fábrica; no próximo dia 12, quando a entidade que Lula já comandou completará 53 anos. ;A gente sonhou a vida toda que um dia tivesse um presidente com essa característica. Estamos contando com a presença dele no 1; de maio, mas estamos ansiosos, mesmo, é pela porta de fábrica. Primeiro de maio é uma coisa na praça, o simbólico é ir na porta, liberado daquela infraestrutura da presidência, sem aquele aparato presidencial;, afirma o presidente da entidade, Sérgio Nobre.

O ex-presidente voltou a frequentar a sede do sindicato. De acordo com Nobre, Lula prometeu comparecer à votação marcada para 4 e 5 de maio, quando será eleito o comando do sindicato. ;Ele disse que vai votar na minha chapa;, conta o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

O primeiro discurso de Lula pós-presidência na festa dos trabalhadores é aguardado como uma espécie de recado à presidente Dilma Rousseff, para que a sucessora abrace compromissos trabalhistas que ficaram pendentes durante os oito anos do governo do petista. Na pauta das centrais sindicais estão pleitos como as 40 horas semanais de trabalho, fim do fator previdenciário e regulamentação dos funcionários terceirizados, afirma o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). ;Estamos aguardando o Lula no 1; de maio, hoje, com mais liberdade, para falar sobre essas questões que como presidente não conseguiu resolver.;

Memória
Confira o que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nos últimos 1; de maio.

2002
O então pré-candidato ao Palácio do Planalto Luiz Inácio Lula da Silva participou ao lado de companheiros do PT da festa da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em São Paulo.

2003
Em seu primeiro ano de mandato, Lula esteve na missa em homenagem ao Dia do Trabalhador em São Bernardo do Campo. Na capital paulista, a Força Sindical aproveitou para criticar o governo.

2004
Lula volta a marcar presença na missa dos sindicalistas do ABC paulista. Em seu discurso, rebateu críticas e disse que a melhoria da oferta de emprego acabou com a existência de desempregados que circulavam na frente das fábricas com cartazes pedindo vagas.

2005
O ex-presidente compareceu à tradicional missa em homenagem aos trabalhadores em São Bernardo do Campo. Governistas que compareceram à festa das centrais na capital paulista foram vaiados.

2006
Apesar de a CUT transformar a festa dos trabalhadores em uma espécie de comício de pré-campanha à reeleição de Lula, o presidente evitou o evento e manteve a tradição de comparecer à missa do ABC.

2007
O presidente manteve agenda interna em Brasília.

2008
O presidente manteve agenda interna em Brasília.

2009
Lula prestigiou lançamento de exploração de petróleo do pré-sal no Campo de Tupi.

2010
No calor da pré-campanha para fazer a sucessora Dilma Rousseff, Lula voltou às grandes festas das centrais e compareceu à festa da capital paulista.

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