postado em 09/05/2011 08:00
A Rio-92, realizada há 19 anos, é vista pela própria ONU como a mais bem sucedida de suas conferências. Reuniu 108 chefes de Estado num tempo em que as preocupações com o Meio Ambiente não eram tão urgentes e nem tão difundidas como hoje, quando o mundo assiste a catástrofes ; o Katrina, que dizimou New Orleans, o tsunami que arrasou parte do Japão e chuvas intermitentes, como aquelas que arrasaram a região serrana do Rio. A China não tinha a importância no cenário internacional que tem hoje.
Naquele período, o então presidente Fernando Collor se empenhou pessoalmente em trazer os chefes de Estado. A vinda do então presidente dos Estados Unidos, George Bush, foi um capítulo à parte. Faltavam três dias para acabar a reunião e Bush não iria ao Rio. Os Estados Unidos tinham resistências a vários tratados que seriam assinados na reunião, em especial o da biodiversidade de que falava em transferência de tecnologia, conforme contou o senador Fernando Collor no plenário do Senado no ano passado.
;O professor Jacque Cousteau me procurou e disse: ;Nós precisamos trazer aqui o presidente Bush, o pai, para que ele assine o tratado. Vamos criar um constrangimento. Vamos pegar um avião, descer em Washington, e vamos direto à Casa Branca e esperar que ele venha conosco no avião;. Eu disse: ;Mas é simples assim, comandante, como fazemos isso? Eu, presidente do Brasil, pego um avião e vou lá com o senhor?; Chamei o pessoal do cerimonial que ficou em polvorosa, a Casa Militar também, sem saber o que fazer;, contou Collor. ;O embaixador dos Estados Unidos, então, entrou em contato com o presidente do seu país e disse que ele viesse para a reunião: ;Olha é bom o senhor vir, porque, senão, eles estão programando ir até Washington, com as presenças do presidente anfitrião da conferência, o comandante Jacques Cousteau e outras figuras ilustres.; Assim, Bush veio;, lembrou o hoje senador.
Antes de chegar ao Brasil, faltando dois dias para o fim da Conferência, Bush avisou que não viria ao Brasil pedir desculpas ao ecologistas, tampouco assinaria o tratado da Biodiversidade. Declarou ainda que os cuidados com o meio ambiente não eram mais importantes do que os empregos do povo americano. Estava, como Barak Obama estará no ano que vem, em campanha reeleitoral. Dentro de cinco meses, enfrentaria Bill Clinton, que saiu vitorioso. A posição de Bush terminou repercutindo mal na imprensa americana. Clinton condenou a posição de seu adversário na conferência.
A Rio-92 durou 11 dias, de 3 a 14 de junho, reuniu 108 chefes de Estado e delegações de 179 países. Produziu, além do tratado da Biodiversidade ; o mais polêmico ; a convenção do Clima, a Agenda 21 e a Declaração do Rio, assinada por todos os chefes de estado presentes. A agenda 21 incluiu 2.500 recomendações distribuídas em 40 capítulos. Tratam de tudo um pouco, saúde, educação, proteção dos oceanos, das florestas, do comércio entre os países, do combate à pobreza, e de um elenco de ações para tornar o mundo um lugar melhor e mais seguro. Agora, chegou a hora de rever ponto por ponto. (DR)