Politica

Ex-ativista Cesare Battisti deixa a Papuda após decisão do Supremo

postado em 09/06/2011 00:28

Brasília ; O ex-ativista italiano Cesare Battisti foi solto na madrugada de quarta para quinta-feira (9/6), por volta da meia-noite, do presídio da Papuda em Brasília, onde estava preso desde 2007. O carro em que ele saiu da penitenciária parou rapidamente na saída, momento em que os jornalistas fizeram fotos e registraram imagens, mas ele não falou com a imprensa. Battisti estava usando camisa e calça de cor clara e sorria, apesar da fisionomia cansada. O alvará de soltura foi expedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, logo depois do julgamento sobre a extradição do italiano.

De acordo com o advogado de Battisti, Luis Eduardo Barroso, Battisti ficou feliz com a notícia de sua libertação. ;Depois de quatro anos nessa situação, qualquer pessoa fica feliz. Ele estava sereno, humilde, viveu uma época difícil na vida dele, de fuga para o Brasil depois de 14 anos na França. Foi a interrupção de um projeto de vida. É o fim de um momento de angústia, mas começa uma angústia nova, que é reconstruir a vida;, disse Barroso.

Ele pediu que a imprensa dê um momento de paz a Battisti até que ele se recomponha do momento difícil que viveu no cárcere. ;Ele não é uma celebridade saindo de Cannes. É um homem saindo da prisão, que foi uma prisão surpreendente, que interrompeu o projeto de vida dele;. De acordo com o advogado, o primeiro desejo de Battisti é falar com as filhas, o que ainda não ocorreu.

Barroso também mandou um recado aos italianos. ;Sempre uma palavra de respeito e solidariedade para as vítimas dos anos de chumbo, ninguém é feliz com o que aconteceu. É preciso que se entenda que o Brasil é um país que tem tradição humanista, e a ideia de punir alguém, 32 anos depois, que participou de um embate ideológico, foge um pouco da compreensão política do Brasil;.

O advogado lembrou que o Brasil é um país que deu a anistia aos militantes e a membros do governo envolvidos na ditaduta militar e que o país não é uma sociedade punitiva. ;É preciso que a Itália compreenda a situação brasileira, a condição do Supremo e vire essa página. Eu estou convencido de que, em pouco tempo, isso será superado;.

Nesta quinta-feira (9), os advogados de Battisti (o ex-ativista também tem em sua defesa Luiz Eduardo Greenhalgh) devem entrar com o pedido para a obtenção de visto definitivo no Ministério da Justiça, uma vez que o italiano entrou de maneira irregular no país. Segundo Barroso, Battisti pretende ficar no Brasil e continuar suas atividades de escritor.

Barroso disse não acreditar que o processo pelo qual Battisti foi condenado, na Justiça Federal no Rio de Janeiro, no ano passado, por falsificação de passaporte, vá interferir na obtenção do visto. ;Nenhum refugiado chega com passaporte verdadeiro no país para o qual fugiu, isso não deve atrapalhar em nada;, avaliou.

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