Politica

Ministro: profissão perigo

Marcelo da Fonseca/Estado de Minas
postado em 12/06/2011 08:00
Na linha de frente dos governos, os ministros são os responsáveis diretos no resultado da administração. Deslizes na vida particular, decisões erradas e problemas na execução de programas sustentados pelas pastas entram logo na mira da oposição e da imprensa. Na semana passada, Antonio Palocci e Luiz Sérgio não resistiram às críticas e à desconfiança dos parlamentares ; inclusive da base aliada ; e foram demitidos, respectivamente, da Casa Civil e da Secretaria de Relações Institucionais. Os dois episódios somam-se a dezenas de outros que corroboram a velha máxima: vida de ministro é caminhar sobre a corda bamba.

Desde o Império há casos de ministros que, envolvidos em polêmicas, são obrigados a deixar o cargo (veja quadro). É o caso de Bernardo Pereira de Vasconcelos, que, após assumir o controle das finanças do país na década de 1830, foi alvo de críticas dos opositores. Os jornais da época utilizaram charges e caricaturas para ironizar o enriquecimento do político mineiro. Ele deixou a função depois de pouco mais de um ano.

Primeiro ministro da Fazenda no período Republicano, Rui Barbosa também enfrentou críticas na imprensa quando suas propostas para reverter os problemas da economia se mostraram ineficientes. O atraso em relação às potências já industrializadas no início do século 20 e o aumento das especulações financeiras, que desvalorizaram a moeda nacional, foram os motivos que levaram o ministro a pedir demissão ao presidente Deodoro da Fonseca.

Os casos de denúncias envolvendo ministros também foram frequentes na ditadura militar (1964-1985). No governo de Garrastazu Médici, o ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Veloso foi defenestrado ao ser acusado de cometer irregularidades na concessão de empréstimos. Após o regime de exceção, as dificuldades para emplacar um plano econômico bem-sucedido colocaram os titulares da Fazenda na berlinda. Com moedas desvalorizadas e inflação atingindo patamares históricos, a manutenção do cargo estava condicionada aos resultados dos planos econômicos e, com os seguidos fracassos, as demissões foram constantes. Sucumbiram ante os problemas da economia Francisco Dornelles, Dilson Funaro, Luiz Carlos Bresser-Pereira e Maílson da Nóbrega.

;Ciúmes;
Henrique Hargreaves, ex-ministro da Casa Civil de Itamar Franco, também viveu momentos difíceis. No início dos anos 1990, teve o nome citado na CPI do Orçamento. Mas, inocentado, voltou ao cargo três meses após ter saído. Um dos motivos apontados por ele para a recorrência de casos polêmicos com integrantes do primeiro escalão é o ciúme que algumas pessoas próximas aos presidentes despertam em outros políticos. ;Quando assisti à posse da nova ministra da Casa Civil (Gleisi Hoffmann), pensei nas dificuldades que se colocaram em sua frente. Além das funções, que exigem muito no cargo, aparecem desafios que envolvem detalhes menos importantes, mas podem atrapalhar muito. Ela tem tudo para ser um grande sucesso, e por isso mesmo corre grande risco no meio político. O ciúme é um fator decisivo e que sempre está presente.;

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