postado em 14/06/2011 22:02
São Paulo ; Qualquer medida que signifique o sigilo por tempo indeterminado de documentos considerados ultrassecretos será contestada pelo Ministério Público Federal (MPF). De acordo com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o MPF ;tomará todas as providências; nesse sentido.;Nós temos que assegurar o amplo acesso a esses documentos. Direito a verdade é direito fundamental. Qualquer inciativa que busque afastá-lo tem um déficit de constitucionalidade muito intenso;, disse Gurgel ao participar hoje (14) do lançamento de um projeto que irá digitalizar e disponibilizar para consulta pública arquivos do período da ditadura militar.
No ano passado, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que limita o prazo de sigilo de documentos supersecretos para, no máximo, 50 anos. No entanto, ontem (13) o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), anunciou que vai retirar o regime de urgência do projeto, que tramita na Casa, permitindo que ele seja analisado por mais tempo.
Para o procurador-geral da República, o projeto aprovado pela Câmara, que limita o prazo do sigilo, ainda precisa ser aprimorado. ;Nós achamos que esse projeto precisa de muitas correções, muitos aprimoramentos;. Ele lembrou que o MPF já entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade contra a legislação que está em vigor.
Segundo Gurgel, praticamente não existem razões para que o conteúdo de um documento seja omitido da sociedade eternamente. ;É algo que será tão absolutamente excepcional, ainda que se possa imaginar, será uma hipótese pouco significante;.
De acordo com ele, com o tempo, os possíveis impactos negativos das revelações são mitigados. ;Não se pretende a liberação de documentos no dia seguinte do evento. Em todo mundo há prazos para que esses documentos sejam tornados públicos;.
Hoje, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), defendeu o sigilo de documentos históricos do governo referentes à definição das fronteiras do país.