Ivan Iunes
postado em 25/06/2011 08:20
Um dos últimos deputados oposicionistas que ganharam holofotes durante a CPI dos Correios, em 2005, está com os dois pés na base governista. Responsável por boa parte dos ataques na maior crise do então governo Lula, Gustavo Fruet deve anunciar a saída do PSDB para o PDT nas próximas semanas. Com a bênção do PT, seria o candidato governista à prefeitura de Curitiba no ano que vem. Em rota de colisão com o governador paranaense, Beto Richa (PSDB), o ex-deputado federal teria um petista como candidato a vice na chapa.À época da CPI dos Correios, Fruet era o representante dos tucanos da Câmara dos Deputados no colegiado, ao lado de Eduardo Paes. Os dois foram responsáveis na Casa por boa parte das duras críticas dos tucanos ao suposto esquema de superfaturamento de contratos da estatal e caixa dois de campanha. O primeiro a pular o muro rumo à base governista foi Paes, que se filiou ao PMDB e esqueceu as críticas do passado para eleger-se prefeito do Rio de Janeiro em 2008, com uma ajuda providencial de Lula. Por causa de um racha interno no PSDB paranaense, Fruet deve seguir rastro semelhante até meados de julho.
A sinuca do ex-deputado federal ficou configurada depois que ele perdeu a disputa pelo Senado para Roberto Requião (PMDB-PR). Sem mandato, ele almeja desde então concorrer à prefeitura. Mas o atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), é homem de confiança de Richa e tentará a reeleição. Isolado no partido, Fruet busca opções de legenda dentro da base governista. Além do PDT, correm por fora o PV e o PMDB. ;É uma situação difícil de ser revertida. Cumpri meu papel de oposição, mas não tenho mais segurança política por conta da movimentação do meu partido. Uma legenda não pode ser a soma de projetos individuais;, critica Fruet.
Acordo
Pela estratégia elaborada com o PT, o ex-deputado seria o candidato governista à prefeitura de Curitiba, com um nome petista de vice. O mais forte é o deputado federal Angelo Vanhoni (PT-PR). Pelo acordo, Fruet apoiaria o PT dois anos depois, na eleição para o governo do Paraná ; a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, é o principal nome do partido para 2014. ;As conversas com Fruet estão avançadas e esperamos a decisão dele para julho. Assim, teremos tempo suficiente de montar uma estrutura forte de campanha. Mas isso não significa que iremos pressionar por uma decisão antecipada;, explica o deputado federal André Vargas (PT-PR).
Sobre a mesa de Fruet, pesa em favor do PDT o fato de o partido ser o único em que ele não encontraria desafetos imediatos. No PMDB, legenda à qual o ex-deputado foi filiado, haveria necessidade de composição com Requião. Nas últimas semanas, o ex-governador teria dado até aval para um armistício ; e o embarque de Fruet no partido. Mesmo assim, as conversas ainda não evoluíram.
No PSC, o ex-deputado federal teria como entrave o deputado federal Ratinho Júnior (PSC-PR). Já o PV vive fase de intensa turbulência interna e deve perder seu principal quadro, Marina Silva, na semana que vem. ;O PSDB tem pouquíssimos candidatos competitivos nas capitais brasileiras e até agora não tem projeto unificado. Há três meses, pedi uma resposta. Nada me foi dito até agora, mas chegará a hora em que o silêncio será uma resposta;, antecipa Fruet.