São Paulo ; Um infarto fulminante matou na noite de sábado o ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza, 65 anos. A morte pegou amigos e familiares de surpresa e deixou políticos do PSDB consternados. Segundo relatos de familiares, ele estava em um resort na cidade de São Roque, interior paulista. De repente, sentiu uma dor no peito, desmaiou e foi encaminhado a um hospital para prontoatendimento, mas já foi retirado da ambulância sem vida. Paulo Renato deixou três filhos e seis netos. O velório ocorreu no salão nobre da Assembleia Legislativa de São Paulo e o enterro foi marcado para hoje, a pedido de dois filhos que moram no exterior e retornam ao país para se despedir do pai. ;Ele teve uma morte tranquila, muito serena. Minutos antes de deitar, estava muito feliz. Mas todo mundo está em estado de choque;, disse o filho Renato Souza Neto.
Paulo Renato era gaúcho de Porto Alegre e se formou em economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). Foi reitor da Universidade de Campinas (Unicamp) e vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Figura como um dos fundadores do PSDB, ao lado do ex-presidente e amigo pessoal Fernando Henrique Cardoso, do qual foi ministro da Educação entre 1995 e 2002. No cargo, implantou o Bolsa-Escola, inspirado na experiência de Cristovam Buarque no DF.
Segundo pessoas próximas, apesar do êxito na Esplanada dos Ministérios, ele mantinha uma mágoa do PSDB. A popularidade que o Bolsa-Escola deu a Paulo Renato fez Fernando Henrique escolhê-lo como preferido para sucedê-lo na corrida presidencial de 2002. No entanto, segundo amigos próximos, ele foi boicotado no partido, que não apostava em seu potencial. Sonhando com o Planalto, ele chegou a defender que o governo investisse em publicidade para dar visibilidade ao Bolsa-Escola, mas foi ignorado. Na visão dele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou ampliando o benefício e mudando o nome para Bolsa Família. Assim, deu a publicidade que Paulo Renato havia sugerido e acabou se tornando o ;pai da criança;. Essa história, com o tempo, segundo amigos do ex-ministro, acabou se transformando numa grande frustração pessoal e profissional.
Pesar
Ao se pronunciar sobre a morte de Paulo Renato, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) reconheceu nele um grande homem público dedicado à mesma causa que defende. ;Perco um bom amigo e o Brasil, um competente homem público;, disse. Em nota de pesar divulgada pelo Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff lamentou o falecimento do ex-ministro e o reconheceu como um prestador de serviços relevantes. ;Neste momento de dor, quero transmitir meus sentimentos a seus familiares e amigos;, ressaltou.
O ex-governador José Serra (PSDB) também enfatizou a importância do ex-ministro. ;Foi-se um querido amigo, um grande secretário e grande ministro da Educação;, postou no Twitter. Um dos primeiros a chegar ao velório foi o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). ;Foi ele o grande responsável pela universalização do acesso ao ensino fundamental e quem idealizou o Fundo de Manutenção do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério.;
Fundamental
Para Fernando Henrique Cardoso, que chegou no início da noite ao velório, Paulo Renato mudou a educação ao dar passos fundamentais que servem de base para o que está sendo feito agora. ;Ele criou o Enem e fez a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. São obras marcantes.; Por nota, o senador tucano Aécio Neves lamentou a morte de quem ele classificou como ;grande brasileiro;. ;Todos reconhecem os relevantes serviços prestados por ele.; O
atual ministro da Educação, Fernando Haddad, também rendeu elogios. ;O Brasil perde um homem público comprometido com a educação. Divergíamos, mas sempre com amizade;;, disse Hadad no velório.
"Recebi com pesar a notícia. Paulo Renato prestou relevantes serviços ao país. Neste momento de dor, quero transmitir meus sentimentos a seus familiares e amigos;
Dilma Rousseff,
presidente da República
"Ele criou o Enem e fez a Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
São obras marcantes. Foi um companheiro leal o tempo todo;
Fernando Henrique Cardoso,
ex-presidente da República