Jornal Correio Braziliense

Politica

Caso do dossiê dos aloprados volta ao debate no Congresso

Planalto tenta blindar Ideli Salvatti, acusada de participação no dossiê contra José Serra em 2006. Ministra nega atuação no caso

A bancada governista dedicou a segunda-feira à tentativa de blindar a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, acusada esta semana de participar da confecção do chamado dossiê dos aloprados, em 2006, e o titular de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que desde a época do escândalo foi apontado como mentor do esquema. Mercadante já tinha agendado um compromisso na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado hoje para discutir projetos da pasta e anunciou estar preparado para comentar o episódio. Mesmo porque, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), pediu que os envolvidos expliquem as denúncias. A base governista no Senado se armou para tentar esvaziar possíveis questionamentos a Mercadante. No colegiado, há 21 governistas e seis oposicionistas.

O dossiê dos aloprados envolveu a compra de documentos falsos, em 2006, na tentativa de ligar o tucano José Serra a um esquema de fraudes no Ministério da Saúde. A armação, desmantelada às vésperas do pleito para o governo de São Paulo, tinha o intuito de atingir a campanha de Serra ao Palácio dos Bandeirantes. Na ocasião, integrantes do PT foram presos com R$ 1,75 milhão destinados ao pagamento do dossiê. Além de Mercadante, a ministra Ideli, que à época era líder do PT no Senado, também foi implicada no episódio, em reportagem publicada pela revista Veja.

Com a denúncias, Sarney pediu que Ideli preste esclarecimentos. ;A melhor forma é cada um se explicar naquilo que for acusado, porque, se agiu corretamente, não há porque deixar de fornecer essas explicações;, disse o presidente do Senado. Primeiro envolvido no caso, Mercadante afirmou que sepultará o assunto hoje, ao falar na CAE. ;Cinco anos depois, tentar envolver a Ideli porque ela acabou de virar ministra, sem nenhuma base, sem nenhum indício, sem nada que possa levar a esse raciocínio, é inaceitável;, criticou Mercadante.

A própria Ideli decidiu se antecipar a um convite para falar no Senado e emitiu nota ontem, negando participação no escândalo dos aloprados. ;É falaciosa a tentativa de me envolver na participação da elaboração do suposto dossiê citado pela revista Veja;, escreveu a ministra. Ideli admitiu apenas ter participado de uma reunião, como líder do PT no Senado, para falar sobre o depoimento que Mercadante prestaria sobre o caso. ;Naquela ocasião, como bem declarou o ministro Aloizio Mercadante, apenas expressei que o Conselho de Ética não seria o fórum adequado para debater tal assunto.;

Polêmica requentada
Os líderes governistas no Congresso não veem motivo para requentar uma polêmica considerada superada. ;O Mercadante vem para falar sobre o plano de ciência e tecnologia. Se questionado, pode comentar (o escândalo). Mas a convocação da Ideli é uma tentativa de jogo político requentado;, anunciou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

Articulador do governo na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse que não há fatos novos a serem investigados. ;Esse tema é de 2006. Houve uma CPI e não há fatos novos. Tudo já foi fartamente investigado;, disse o petista.


Ministro propõe o "Hackers Day"
A Polícia Federal vai usar a própria comunidade virtual nas investigações sobre os ataques aos sites do governo ocorridos na semana passada. Ontem, peritos especializados em crimes cibernéticos se reuniram no Instituto Nacional de Criminalística (INC) para traçar as linhas de apuração, que deverá contar com a colaboração de hackers. A PF vai manter o inquérito em sigilo até que os responsáveis pelas violações sejam descobertos. O ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, disse que está disposto a chamar os hackers para trabalharem na pasta. ;São jovens talentosos. Quero convida-los para um ;Hackers Day;. A gente os chama para que eles desenvolvam soluções próprias.;