Paulo de Tarso Lyra
postado em 30/06/2011 08:00
Depois de repetir para diversos interlocutores que não mudaria de ideia, a presidente Dilma Rousseff cedeu à choradeira da base governista e às ameaças de rebelião no Congresso e decidiu prorrogar por mais 90 dias o decreto ; que venceria hoje ; de liberação dos restos a pagar referentes a 2009. Na ponta do lápis, a conta bate em R$ 4,5 bilhões. A decisão será publicada em edição extra do Diário Oficial da União de hoje.Dilma também dará um novo afago aos deputados e indicará um parlamentar da Câmara como novo líder do governo no Congresso. As opções são Mendes Ribeiro (PMDB-RS), Pepe Vargas (PT-RS) e o atual vice-líder no Congresso, Gilmar Machado (PT-MG).
A decisão de Dilma renova o fôlego da nova ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que conseguiu superar a primeira prova de fogo desde a posse no cargo, no início do mês. Após a reunião de ontem com os líderes da base no Planalto, coube a Ideli a última conversa com Dilma antes de sacramentar a prorrogação, às 21h15 de ontem. ;Noventa dias está bom;, resumiu o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO). ;É o suficiente para aquelas obras que estavam prestes a serem regularizadas, mas que pararam por causa de detalhes mínimos;, disse ao Correio um interlocutor graduado do governo.
Ontem, os líderes de diferentes partidos passaram a tarde em reuniões no Palácio do Planalto listando os riscos que o Executivo correria se não prorrogasse o decreto. ;É uma questão simples. O governo teria muito a perder se deixasse tantos parlamentares insatisfeitos, porque as obras em seus estados estão inacabadas. Foi uma saída intermediária e justa. Ficamos satisfeitos;, disse ontem o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), após saber da decisão de última hora da presidente.
Com o desejo atendido, os deputados voltam hoje ao trabalho, depois de passarem um dia em operação-padrão, sem dar quórum para discutir sequer uma medida provisória. A ideia inicial era de que o governo retirasse o pedido de urgência constitucional para o projeto que criou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) ; espécie de ProUni para as escolas técnicas ; a fim de possibilitar a votação da Emenda 29, que destina mais recursos para a saúde. Aliados esperam agora que o Planalto cobre a fatura e tente adiar a votação da Emenda 29.