postado em 04/07/2011 08:06
Cercado por denúncias de superfaturamento e cobrança de propina para engordar o caixa do PR, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, está com o cargo por um fio. Ele tem uma reunião com a presidente Dilma Rousseff prevista para hoje na qual será decidido o seu futuro político. As suspeitas levaram ao afastamento de dois assessores e dois chefes de autarquias ligadas à pasta. O afastamento de Mauro Barbosa da Silva, chefe de gabinete do ministro; Luís Tito Bonvini, assessor do gabinete do ministro; Luís Antônio Pagot, diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit); e José Francisco das Neves, presidente da estatal Valec Engenharia deve-se a um esquema de propina e superfaturamento emaranhado no coração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento tocadas pelo Ministério dos Transportes.
Dilma promoveu uma intervenção na pasta e está disposta a fazer uma alteração no comando. A demissão ou não de Alfredo Nascimento depende de uma avaliação que será feita hoje sobre dois aspectos: 1) o ministro envolveu-se diretamente no esquema de irregularidades e 2) mesmo que a primeira resposta seja negativa, se ele perdeu o controle do ministério deixando a corrupção correr solta.
;A presidente fez uma intervenção e agora tudo depende de como o Alfredo vai se comportar. Se ele perdeu o controle, é difícil ele continuar. Se ele tiver participação nas condutas ilícitas, é impossível ele continuar;, afirmou um auxiliar de Dilma.
A presidente mostrou dois sinais bastante claros ao determinar o afastamento dos quatro envolvidos nas supostas irregularidades. Não vai tolerar acusações de corrupção em seu governo e, sempre que aparecerem denúncias consistentes, os envolvidos serão afastados ainda que temporariamente. ;Ela não vai tolerar condutas ilícitas e deixou isso muito claro;, disse esse auxiliar.
Artilharia pesada
A oposição mobiliza as tropas tendo como alvo Alfredo Nascimento e o Ministério dos Transportes. Começa a coletar assinaturas para uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o Dnit e trabalha para ver o ministro se explicando ao Congresso.
O líder do DEM na Câmara, deputado ACM Neto (BA), sustentou que a oposição fechará uma estratégia conjunta. ;Vamos definir se faremos a convocação (do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento) só na Câmara, só no Senado e até a criação de uma CPI;, afirmou. Para o parlamentar baiano o afastamento dos quatro assessores do Ministério dos Transportes é insuficiente. ;A denúncia é muito grave. O afastamento de quatro pessoas da cúpula do ministério é insuficiente para esclarecer os fatos. Vamos tomar providências e convocar autoridades;, acrescentou Neto.
Alfredo Nascimento informou que vai instaurar sindicância para apurar ;rápida e rigorosamente; as irregularidades e negou participação no esquema. O ministério é alvo de constantes denúncias e a ingerência do secretário-geral do PR, Valdemar Costa Neto, é conhecida. Neto encaminhava parlamentares de outros partidos ao ministro, que tentava trazê-los ao PR com a promessa de liberação das emendas no Orçamento, conforme mostrou reportagem do Correio de 2009.
Colaborou Sílvio Ribas