Politica

PR tenta evitar que Dilma oficialize Paulo Sérgio Passos à frente da pasta

Paulo de Tarso Lyra
postado em 09/07/2011 08:00
Maggi tem negócios milionários com o governo e decidiu rejeitar convite. Castro faz o próprio lobbyCom a recusa do senador Blairo Maggi (MT) em assumir o Ministério dos Transportes, o PR corre atrás do prejuízo e pretende levar até segunda-feira dois nomes de ministeriáveis para a presidente Dilma Rousseff: o ex-senador César Borges (PR-BA) e o deputado federal Luciano Castro (PR-RR). A pressa do partido é perfeitamente justificável. A dificuldade do PR em apresentar um nome para substituir Alfredo Nascimento agrada a presidente Dilma Rousseff. Enquanto o partido não resolve os conflitos internos, a presidente mantém Paulo Sérgio Passos como interino na pasta, o que garante total controle sobre o ministério administrado pelo PR.

Em conversa com os líderes partidários, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, reforçou a disposição do Planalto em dialogar com o PR, ressalvando que a decisão final é da presidente, o que aumenta a suspeita de que Paulo Sérgio Passos poderá ser efetivado. Na essência, é tudo o que o governo quer, já que mantém, em uma pasta complicada, atolada em denúncias de corrupção, um nome da estrita confiança do Planalto. Em 2008, o então presidente Lula manteve o técnico Nelson Hubner como interino por quase um ano, até que o PMDB indicou o senador Edison Lobão para o Ministério de Minas e Energia.

O principal cotado para assumir a pasta, o senador Blairo Maggi (PR-MT), resolveu rejeitar o convite. Quando foi sondado pelo secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, ele já havia dado a entender que seria difícil aceitar. Blairo tem vários negócios com o governo federal, como uma parceria com a Marinha Mercante para o transporte de soja na Amazônia e empréstimos vultosos com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Caso aceitasse o ministério, Blairo teria que abrir mão do comando das empresas pelo período em que estivesse no governo e, por outro lado, passaria a ser uma vidraça maior para os ataques da oposição. Ontem, ele reuniu-se com os sócios e sacramentou a decisão de permanecer no Senado. Os acionistas não gostaram das reportagens publicadas ontem em vários jornais, citando processos contra o senador mato-grossense, que vão desde denúncias de desmatamento para a plantação de soja até ações cíveis do tempo em que Maggi governava o estado.

O PR espera que Dilma opte por um quadro político, e não um mero técnico ; como Passos ; para pacificar uma legenda que está em ebulição desde a eclosão da crise. Um dos principais ressentidos e que terá de ser acalmado tão logo essa turbulência passe é o ex-diretor-geral do Dnit Luiz Antonio Pagot. Ele tem dito que não fez nada sozinho. Há dois dias, numa reunião com o próprio Alfredo Nascimento, o senador Blairo Maggi e os líderes do partido, Magno Malta e Lincoln Portela, ele reforçou que apenas cumpria determinações e limites orçamentários estipulados pelos ministérios dos Transportes e do Planejamento.

Carlista
Em relação a Borges e a Castro, pesam prós e contras. O ex-senador baiano é visto como um administrador competente, mas egresso de quadros ligados a Antonio Carlos Magalhães. Pior, ameaçou romper com o governo durante a campanha do ano passado por achar que não estava tendo apoio para ser candidato ao Senado. Como está sem mandato, foi ressuscitado para ocupar uma das diretorias do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit). Agora, tem chances de virar ministro.

Já Castro chegou a ser cogitado para o cargo no início do ano, mas Alfredo Nascimento usou sua força política na legenda e conseguiu convencer Dilma e o então chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. O deputado já fala como um dos favoritos ao posto. Segundo ele, a missão de chefiar os Transportes vai exigir dedicação exclusiva e muito empenho para afastar o ministério da crise que o assombra. ;Uma coisa é a pessoa virar ministro por convite da presidente no início do mandato. Outra, completamente diferente, é assumir no meio da crise. A missão de fechar esse buraco é muito delicada;, diz.

Para sobreviver aos ataques e à fiscalização constante dos órgãos de controle e da imprensa, Luciano Castro tem a receita, caso seja o indicado. ;O jeito será analisar cuidadosamente cada decisão e cada obra. Isso tudo, claro, contando também com a imprensa para ajudar a saber onde tem rolo e onde não tem. Para qualquer um que assuma o posto, será difícil livrar a pasta da crise. Terá de ser um trabalho de dedicação intensa;, opina.

Até nos Andes
A questão do desmatamento já foi um dos focos de grande polêmica entre Blairo Maggi e o Executivo federal. Na gestão de Carlos Minc à frente do Ministério do Meio Ambiente, ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Maggi foi eleito como um dos principais inimigos das florestas nacionais. Segundo Minc, o empresário, um dos maiores produtores individuais de soja do mundo, teria interesse em plantar ;até nos Andes;.

Colaborou Izabelle Torres

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação