Politica

Pagot pretende mostrar que sua atuação era acompanhada por ministros

Paulo de Tarso Lyra
postado em 11/07/2011 07:53
Luiz Antonio Pagot, diretor-geral do Dnit, vai se explicar aos senadores amanhã e na quarta falará aos deputados federaisDo alto da expectativa de ser explosivo, o depoimento do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, é aguardado com ansiedade e apreensão pela oposição e pelo governo. Pagot estará amanhã no Senado e, na quarta-feira, na Câmara. Pessoas próximas ao diretor afirmam ter ouvido dele, desde o afastamento do Dnit na última segunda, acusações contra o ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, o atual ocupante da pasta, Paulo Sérgio Passos, e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que ocupou a pasta do Planejamento até dezembro de 2010.

Sobre Nascimento, Pagot reclama que o ex-ministro tirou-lhe autonomia de ação e passou a centralizar a condução dos projetos. Em relação a Paulo Bernardo, integrantes do PR afirmam ter ouvido que o petista sabia dos aditivos contratuais em obras no Paraná, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina ; a suspeita é de que esses apêndices dos contratos de obra não representam trabalho a mais, apenas propina. Sobre Passos, o diretor do Dnit lembrou que o ministro já foi titular por quase dois anos, entre 2006 e 2010.

O governo montou uma operação para evitar estragos no depoimento de Pagot. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), voltou ontem à noite a Brasília para comandar o abafa. Foram escalados também assessores do Ministério do Planejamento ligados às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para acalmar o diretor afastado do Dnit, que, diante da determinação do governo de afastá-lo, tirou férias. Procurado ontem à noite pelo Correio, Pagot pediu desculpas por falar apressadamente ; estava saindo de uma padaria em Brasília ; e afirmou que só falará com jornalistas na quarta, após o depoimento que prestará na Câmara dos Deputados. No Senado, o depoimento será em audiência conjunta nas comissões de Infraestrutura e Meio Ambiente. Já na Câmara, Pagot comparecerá às comissões de Fiscalização e Controle, Ciência e Tecnologia, Trabalho e Viação e Transportes.

Um parlamentar da base que prefere não ser identificado afirmou que não existe irregularidade no fato de o então ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, saber de aditivos contratuais em obras do PAC. Para este senador governista, como os recursos do PAC fazem parte do Orçamento, o ministro do Planejamento precisa, necessariamente, ser informado quando os gastos são majorados.

Questionamentos e juízo
Adversário político do ex-ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) afirmou que ainda não tem uma posição fechada sobre o depoimento de Pagot. ;Vou esperar suas declarações para formar um juízo e pensar em meus questionamentos;, ponderou. Outro que optou pela cautela foi o senador Jorge Viana (PT-AC), presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado. ;O requerimento foi feito pelo senador Blairo Maggi (PR-MT). Espero que ele venha aqui e esclareça tudo o que ocorreu;, completou Viana.

Apesar de não esperar avanços no depoimento de Pagot sobre as irregularidades cometidas no Dnit, a oposição acredita que o diretor vai relacionar suas ações no órgão a ordens superiores, envolvendo até mesmo o ministro interino, Paulo Sérgio Passos, que assumiu a pasta em dois momentos, durante as desincompatibilizações de Alfredo Nascimento para disputar eleições majoritárias.

Senadores da oposição duvidam que Pagot avance sobre as irregularidades no Dnit. ;Ele não vai se autoincriminar;, diz um senador. Por isso, a saída seria atribuir a ordens superiores todas suas atitudes na autarquia. Alguns senadores já ouviram do próprio Pagot que ele não fez nada sozinho. Pelo fato de ter topado o convite para prestar esclarecimentos numa audiência pública, cujo comparecimento não é obrigatório, esses senadores acreditam que Pagot vai aproveitar para apontar a mando de quem agia no comando do Dnit.

Um dos senadores atentos às explicações do ex-diretor-geral do Dnit é o senador Pedro Taques (PDT-MT). Apesar de o PDT ser da base do governo, Taques mantém independência em relação ao Planalto, especialmente em assuntos envolvendo investigações de irregularidade ; ele foi procurador da República em Mato Grosso, mesmo estado de Pagot. ;Nesses casos, não existe oposição nem situação. É preciso defender o patrimônio público e cobrar a verdade.;

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