Politica

Dilma confirma Paulo Passos à frente do Ministério dos Transportes

Paulo de Tarso Lyra
postado em 12/07/2011 08:00
A presidente Dilma Rousseff efetivou ontem o ministro interino Paulo Sérgio Passos como titular da pasta dos Transportes. A decisão isola temporariamente o presidente de honra do PR, Valdemar Costa Neto (SP) ; contrário à nomeação de Passos ;, mas mantém o partido na base de apoio no Congresso. Ciente de que não teria como dispensar uma legenda com seis senadores, 40 deputados e dois minutos de tempo de televisão no horário eleitoral gratuito, Dilma relevou o histórico de escândalos que envolve a sigla e o fato de que Passos foi ministro por dois anos durante no período em que os contratos superfaturados foram assinados.

A efetivação de Passos foi tomada na véspera do depoimento de Luiz Antonio Pagot nas comissões de infraestrutura e meio ambiente do Senado (veja ao lado). A opção da presidente também contraria a cúpula do PR, que preferia um nome político. Mas Dilma teve o cuidado de só sacramentar a decisão após o senador Blairo Maggi (PR-MT), sondado na semana passada para ocupar o cargo, ter oficialmente anunciado que não aceitaria ser ministro.

Como antecipou o Correio na semana passada, Dilma sempre quis efetivar Passos no Ministério. O novo ministro é considerado um técnico experiente, sem ambições políticas e de total confiança da presidente. O PR, contudo, relutava em aceitar a saída e insistia em buscar um nome na bancada. Ela estabeleceu três pré-requisitos para que o partido apresentasse uma opção de ministeriável: afinidade com o governo, ficha política limpa e conhecimento da área de transportes. O PR teve dificuldade em encontrar na bancada representantes que se adaptassem às três condições simultaneamente. Os dois nomes ventilados no fim da semana ; o deputado Luciano Castro (PR-RR) e o ex-senador César Borges (PR-BA) foram descartados por falta de expertise em transportes e divergências com o Planalto, respectivamente.

A presidente também adotou outra estratégia: passou a negociar diretamente com os senadores, não com os deputados, por achar que Valdemar Costa Neto tem uma ascendência maior sobre a bancada do partido na Câmara. Um senador afirmou, inclusive, que as declarações dadas pelo líder do partido na Câmara, Lincoln Portela (MG), de que a legenda preferia abrir mão do ministério se Passos fosse efetivado, foram enxergadas como um recado subliminar dado por Valdemar ao Planalto. ;O pessoal do Senado tem mais independência em relação ao Valdemar do que os da Câmara;, reconhece um deputado da sigla.

O governo também ficou atento aos movimentos de Valdemar na semana passada. No dia seguinte à exoneração do ministro Alfredo Nascimento, ambos se reconciliaram. Ficou acertado que o senador retomaria a Presidência da legenda. O Planalto enxergou na dobradinha uma maneira de a cúpula suspeita do PR seguir fustigando o governo.

Um dos interlocutores escolhidos pelo Planalto foi o senador Clésio Andrade (PR-MG) ; que abdicou do direito de ser ministro para continuar presidindo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT). A decisão gerou ciúmes no líder do partido na Casa, Magno Malta (ES). Assessores governistas alegaram, contudo, que Dilma não quis desqualificar o líder Malta, apenas procurou Clésio por ser um empresário do setor de transportes. O senador mineiro reuniu-se ontem com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para discutir obras em Minas Gerais e a sucessão na pasta.

Consenso
Antes mesmo da efetivação de Passos, Magno Malta já havia se conformado, acrescentando que seria a única forma de não travar as obras da pasta. ;Ele é o secretário executivo, conhece tudo. Nada na vida tem consenso. Assim não vai parar o país. Se Dilma prestigiou o partido, amém. O ministério foi para dentro do olho de um furacão, está todo mundo olhando;, disse o senador capixaba.

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