postado em 12/07/2011 18:35
Goiânia ; A presidente Dilma Rousseff tem até o fim do mês de agosto para enviar mensagem ao Congresso Nacional contendo o plano plurianual (PPA) das ações governamentais para os próximos quatro anos. A definição de valores do PPA 2012-2015, estabelecidos por macrodesafios, servirá de base para os orçamentos anuais de todos os setores em que há investimento governamental.Recentemente, os pesquisadores obtiveram uma vitória no ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão que definiu a ciência, a tecnologia e a inovação (C, T & I)como macrodesafios. O sinal do governo ainda não foi suficiente. A presidenta da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, disse à Agência Brasil que ;a ciência chora recursos; e que aguarda a confirmação, por escrito, de que C, T & I terão realmente status e recursos elevados.
Dentro do próprio governo, o apetite é grande. ;Neste momento, a disputa é muito natural: um pouquinho antes do almoço, é a hora em que os meninos estão olhando os bifes na mesa e cada um quer puxar dois para o seu prato;, disse o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva.
Ele mostrou-se ;apreensivo; quanto à definição orçamentária: ;há sinais do [Ministério do] Planejamento se que pode se repetir no ano que vem o orçamento deste ano. Não o orçamento integral, mas o limite de empenho do orçamento.;
Glaucius Oliva e Helena Nader temem que o governo se contente com os valores estabelecidos após o corte de cerca de 25% determinado em fevereiro. A projeção do CNPq é que, depois da "tesourada", o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico caia dos R$ 677,6 milhões gastos em 2010 para cerca de R$ 450 milhões até o fim deste ano. O fundo, que fomenta a pesquisa em áreas estratégicas, é formado com o recurso da taxação às empresas que são intensivas na importação de tecnologia.
Em palestra na 63; Reunião Anual da SBPC, que ocorre esta semana em Goiânia, o presidente do CNPq ressaltou que os investimentos na área visam à redução da dependência tecnológica externa do país, que, segundo ele, aprofundou-se nos últimos oito anos. Apesar do superávit geral na balança comercial, o país registra déficit no comércio de produtos químicos (US$ 16,12); medicamentos e fármacos (US$ 6,38 milhões); equipamentos de rádio, TV e computação (US$ 11,39 milhões); instrumentos médicos e de ótica (US$ 5,65); máquinas e equipamentos (US$ 12,73).
;Estamos tendo cada vez mais déficit;, disse Glaucius Oliva, manifestando preocupação semelhante à do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, de que o país fique estagnado como economia exportadora de commodities primárias, como soja e minério de ferro, que têm baixo valor agregado.
Para Oliva, além do crescimento do gasto público em C, T & I, é necessário que a iniciativa privada aumente investimentos, como ocorre nas principais economias mundiais. ;A ciência no Brasil vai bem;, disse ele, e vive um momento de expansão de artigos científicos publicados e de aumento do número de mestres e doutores formados. Porém, ressaltou, ;eles não estão indo para a indústria;.
Levantamento do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, diz que apenas 1,39% das pessoas com mestrado e doutorado (desde 2004) foram para a indústria de transformação. Quase 77% mantiveram-se em instituições de educação; 11% na administração pública; 3,78% em atividades de C, T & I; e 3% na área de saúde.