Politica

Temer também pressiona para que exoneração de Pagot seja reconsiderada

Paulo de Tarso Lyra
postado em 14/07/2011 08:01
Cresce na base aliada e no Palácio do Planalto a pressão para que a presidente Dilma Rousseff recue da decisão de exonerar o diretor-geral afastado do Dnit, Luiz Antonio Pagot, assim que ele retornar de suas férias na semana que vem. Depois de dois dias de depoimento no Congresso, totalizando mais de 12 horas de exposição a deputados e a senadores, a avaliação dos governistas é de que Pagot portou-se bem, mostrando que as denúncias contra ele no escândalo que derrubou a cúpula do Ministério dos Transportes eram ;inconsistentes;. Até mesmo o vice-presidente da República, Michel Temer, defende uma postura mais cautelosa. ;Vamos esperar o fim das férias dele (Pagot) para resolver essa questão;, declarou.

Outros defensores de Pagot no Planalto afirmam que as denúncias envolvendo a cúpula do Ministério dos Transportes podem ter caráter criminal ou apenas gerencial. E que, se as investigações apontarem que não houve dolo no Dnit, não existe motivo para Pagot continuar fora do Executivo. Dilma, contudo, ainda resistiria à ideia e manteria, segundo aliados próximos, a disposição de exonerar o diretor afastado do Dnit caso ele não peça demissão quando retornar das férias. Só não faria isso agora para não permitir o discurso de que ele poupou o governo e, ainda assim, foi abandonado às traças pelo Planalto.

Temer, aliás, entrou para valer na missão de pacificar o PR. Na noite de terça, o vice-presidente chamou o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), e o deputado Luciano Castro (RR) para uma conversa. Os dois ensaiavam uma rebelião, ameaçavam romper com o governo e não comparecer ao jantar que Dilma ofereceria na noite de ontem para parlamentares da base aliada. Eles reclamavam de não terem sido consultados com antecedência sobre a efetivação de Paulo Sérgio Passos como ministro dos Transportes. ;Tudo bem, vocês podem até fazer um movimento demonstrando insatisfação. Mas não podem fechar a porta como vocês estão querendo fechar;, argumentou Temer.

A conversa surtiu efeito. Os dois rebeldes foram até o Ministério dos Transportes manifestar apoio ao novo ministro. Depois, estiveram com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e confirmaram presença no convescote presidencial. ;As insatisfações são acidentes de percurso normais de uma relação política;, minimizou Portela.

O senador Blairo Maggi (PR-MT) é que ainda não estancou a raiva em relação ao episódio. Ele segue defendendo que seu pupilo permaneça no Dnit e confirma que fará todos os movimentos para mantê-lo. Mas disse que Pagot é o único indicado no governo federal. ;Não vou indicar mais ninguém, pois quem acaba respondendo por possíveis erros não é quem nomeia, mas quem indica;, disse.

Confiante após saber do novo aliado, Pagot demonstrou desenvoltura nas 7 horas de depoimento na Câmara que deixou em todos os presentes a certeza de que continuará. Até nele mesmo. ;Eu pretendo continuar no Dnit para dar sequência à reestruturação do órgão;, afirmou. Pagot disse que suas férias estavam marcadas desde novembro do ano passado. ;Eu não sei ainda por que fui demitido. Eu não sou demissionário, estou de férias. Mas o futuro pertence a Deus e à presidente Dilma;, afirmou. ;Mas, para eu ficar, preciso ter uma longa conversa com a presidente Dilma antes;, completou.

Grampo

Pagot ainda declarou que está sendo grampeado há pelo menos dois anos e meio. Disse que na semana passada, em 5de julho ; três dias depois da publicação da matéria na Veja ;, recebeu uma ligação de uma pessoa que se identificava apenas como ;um servidor de órgãos de inteligência do governo;. E que essa pessoa teria relatado pelo menos três conversas de Pagot com um candidato a prefeito do interior do Paraná, com a própria filha, e uma terceira negociando a venda de 600 cabeças de gado. ;Por isso não tenho medo de quebra de meus sigilos bancário e telefônico, porque já está quebrado há muito tempo.; Pagot disse que vai pedir uma investigação à Polícia Federal. ;Não sou apenas eu que devo respostas a eles. Eles também me devem explicações;, ameaçou.

O senador Clésio Andrade (PR-MG) ainda negocia a criação de um outro partido e a imediata fusão com um partido nanico caso o PR não lhe dê espaço de negociação com o Executivo. Uma das opções é o PRTB. Ele quer concretizar a saída do PR por entender que há um ambiente de hostilidade comandado pelo deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP). ;Somos um partido democrático e quem quiser tem a liberdade para ir para outra legenda;, rebateu Lincoln Portela.

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