Politica

Com "extra" de R$ 100 milhões, partidos elevam gastos em 2011

Alice Maciel
postado em 26/07/2011 07:58
Após terem o Fundo Partidário aumentado em R$ 100 milhões este ano ; um reajuste de 50,9% ;, fruto de acordo com a presidente Dilma Rousseff, as agremiações políticas já gastaram, no primeiro semestre de 2011, R$149,6 milhões ; valor que representa 76% de todo o ano passado, quando foram consumidos R$ 196,5 milhões. Em 2011, a dotação orçamentária da reserva chegou à cifra de R$ 300,1 milhões. Entretanto, apesar de o fundo ser alimentado com dinheiro público, as legendas não são obrigadas a detalhar os gastos, como fazem os governos federal, estadual e municipal. ;Ninguém sabe ao certo como os partidos são geridos. Há queixas de que os recursos do fundo são usado em privilégio da cúpula partidária;, observa o coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), juiz Marlon Reis.

Marlon Reis defende maior transparência na prestação de contas das legendas no uso do Fundo PartidárioA obrigatoriedade da divulgação mensal das contas partidárias de forma detalhada na internet está no texto da proposta de iniciativa popular de reforma política que será enviado pelo MCCE à Câmara dos Deputados. Já tramita na Casa um projeto com o mesmo objetivo. De autoria do deputado Rubens Bueno (PPS-PR), o texto ressalta que a Constituição exige transparência daqueles que fazem uso de dinheiro público.

Enquanto o Congresso não aprova propostas nesse sentido, os partidos vão enchendo seus cofres com dinheiro público, sem prestar contas à sociedade. A destinação de recursos para a reserva este ano, prevista no Orçamento de 2011, foi a maior dos últimos cinco exercícios. As informações podem ser acessadas no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O partido que mais recebeu recursos do fundo foi o PT, com R$ 24,5 milhões; seguido pelo PMDB, com R$ 18,9 milhões; e pelo PSDB, com R$ 17,2 milhões. Os menos beneficiados foram os nanicos, como PCO (R$ 198,9 mil), PCB (R$ 374 mil) e PSTU (R$ 439,8 mil). O repasse é enviado pelo TSE aos diretórios nacionais todos os meses.

Regras
Há 27 partidos políticos registrados no Brasil, todos aptos a receber parte do montante destinado ao fundo, dos quais 5% são divididos em partes iguais para todas as legendas e 95%, distribuídos na proporção dos votos obtidos na última eleição para a Câmara dos Deputados. As legendas devem, obrigatoriamente, aplicar 20% dos recursos em fundações e 5% na promoção da participação feminina na política. O dinheiro também pode ser aplicado na manutenção das sedes e no pagamento de pessoal.

Os recursos são do Orçamento Geral da União e de multas, como aquelas pagas pelos eleitores em situação irregular, e as que são originadas em condenação judicial eleitoral de políticos e candidatos a cargos eletivos. Os gastos dos partidos são fiscalizados pelo TSE. As legendas têm de enviar anualmente a prestação de contas à Corte e aos tribunais regionais eleitorais ; embora não precisem detalhar as planilhas. Em anos eleitorais, há prestações de contas antes e depois do pleito. Se forem detectadas irregularidades, as siglas podem ficar de um mês a um ano sem receber recursos do fundo.

Sem veto
O total previsto para o Fundo Partidário era, originalmente, de R$ 165 milhões. Mas, no fim do ano passado, a Comissão Mista de Orçamento do Congresso aprovou uma emenda de acréscimo de R$ 100 milhões. A presidente Dilma Rousseff chegou a tentar vetar a emenda, mas voltou atrás e o orçamento fixou-se no valor de R$ 301,4 milhões. Na época, o governo tentava acordo com a Câmara dos Deputados para votar o salário mínimo.

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