Quebra de padrões, intolerância com corrupção, ritmo de trabalho intenso, jeito mais técnico de gestão. Além de ser a primeira presidente mulher da história brasileira, Dilma Rousseff imprime um ritmo muito diferente de seus antecessores. O que para muitos pode ser visto como falta de satisfação à sociedade, para outros é questão de segurança ou simplesmente da discrição típica da chefe do Executivo. A oposição diz ser falta de tato, de liderança.
Um dos exemplos do modo reservado da presidente ficou explícito em uma das combinações dela com o ex-presidente Lula. No último dia de governo, ele baixou um decreto que muda as regras em relação ao pavilhão presidencial, bandeira com o brasão, que identificou, por quase 40 anos, o local em que se encontrava o governante ; desde a época de Gaspar Médici, em 1972, a norma era que a bandeira deveria estar hasteada onde o chefe do executivo se encontrasse. Por diversas vezes, o próprio Lula se mostrou avesso à norma. Agora, o brasão está no alto do mastro, nos Palácios do Alvorada e do Planalto, sempre que Dilma estiver no Distrito Federal, baixado apenas para as duas trocas diárias, às 8h e 18h, e quando a presidente estiver em viagem.
Tradição
Para o professor de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer, apesar de representar uma quebra de tradição, a representação da preferência pela privacidade pode significar, simplesmente, um apelo à segurança da presidente. Apesar disso, ele destaca ser essa uma marca visível em tudo que Dilma tem feito nesses quase oito meses à frente do Executivo. Segundo o especialista, o perfil técnico, destacado por quem trabalha ao lado da presidente, está sendo, aos poucos, deixado de lado. ;Ela já decidiu que vai interagir e articular mais com os partidos e lideranças. Depois que se curou da pneumonia e com a crise do PR, parece decidida a fazer isso.;