postado em 05/08/2011 08:08
No Congresso, ninguém conseguiu explicar de onde veio a fagulha que acendeu a fúria verbal e que resultou na queda de Nelson Jobim. As declarações do ex-titular do Ministério da Defesa, desqualificando duas ministras do governo Dilma Rousseff, deixaram os parlamentares da base atônitos e a oposição entusiasmada. A bancada tucana já trabalha para trazer o ex-ministro para seus quadros. O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), afirmou que deputados e senadores do partido têm almoço marcado com Jobim para a terça-feira e que o encontro foi uma solicitação do ex-ministro. ;Ele pediu o almoço há mais de um mês. Quem defende a Comissão da Verdade só pode falar a verdade;, resume Dias. O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), ofereceu a legenda para Jobim e disse que as portas do partido estão abertas. ;A ficha sempre foi dele. Se ele vier, será muito bem recebido.;Para não comprometer a relação do PMDB com o governo, correligionários de Jobim tentam colocar panos quentes nos ataques do ex-ministro. Afirmam que as declarações foram fruto de conversa descontraída e não representavam opinião institucional. A cúpula do PMDB se reuniu com Jobim na última terça-feira. Depois do encontro, o ex-ministro teria ;ficado mais calmo;, mas a entrevista para a Piauí foi gravada antes do encontro com os colegas de partido.
O presidente em exercício do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), elogiou a escolha de Celso Amorim para substituir Jobim. Raupp afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que o partido filiasse Amorim, mas o processo foi complicado, porque o chanceler era ligado ao PT. ;Jobim é um quadro importantíssimo do partido, mas a Defesa é um cargo de competência da presidente. O partido não se sente ressentido com a substituição. As declarações foram feitas em conversas informais, o Jobim não é de falar isso, não;, defendeu Raupp.
Apesar de o presidente do partido afirmar que a legenda não perdeu um posto na Esplanada dos Ministérios, nem todos os correligionários gostaram das declarações do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), sobre a ;titularidade; peemedebista no Ministério da Defesa. Alves afirmou que Jobim não era da cota do PMDB e o senador Roberto Requião (PMDB-PR) rebateu. ;Então, eu quero uma lista com o nome dos indicados na cota do PMDB;, ironizou Roberto Requião (PMDB-PR).
;Fofinha;
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deu resposta bem-humorada para comentar declaração do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que teria afirmado em entrevista à revista Piauí que a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, seria ;fraquinha;. ;Essa frase não combina com a Ideli (Salvatti). Ela é bem gordinha, não é fraquinha;, afirmou Sarney. À tarde, o presidente do Senado teria ligado para a ministra tentando se desculpar e trocou o ;gordinha; por ;fofinha;.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) ;garantiu; que nenhum episódio recente explica a reação de Jobim. ;Não consigo entender um ministro competente dizer que a Ideli é fraquinha e que a Gleisi não conhece Brasília. Alguma coisa soa mal;, disse o parlamentar. A senadora Ângela Portela (PT-ES) e a deputada Janete Pietá (PT-SP) repudiaram as declarações de Jobim. ;Queremos expressar nosso repúdio pela violência de um ministro que sempre desfrutou de todo o respeito e consideração. Pelo ataque verbal desnecessário poderá criar um clima conflituoso que em nada contribuirá para a construção da democracia;, escreveram as petistas.