postado em 06/08/2011 08:00
O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, colocou um amigo no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para atuar em conjunto com Frederico Augusto de Oliveira Dias, o ;dr. Fred;, responsável pela triagem de processos e pela representação do Dnit em diversas ocasiões, apesar de ter exercido uma função terceirizada. Frederico foi indicado pelo deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) e perdeu o cargo logo no início do escândalo no Ministério dos Transportes, após o Correio revelar a existência de seu gabinete na autarquia.Na mesma sala de Frederico, também terceirizado e com a função de fazer a triagem dos processos encaminhados à Diretoria-Geral do Dnit, está o servidor Fernando Clayton Pessoa de Aguiar, indicado por Paulo Passos quando o hoje ministro era secretário-executivo do ministério. Fernando está no Dnit pelo menos desde 2006 e permanece na mesma função exercida antes da queda de Frederico.
Uma empresa terceirizada, contratada pelo Dnit, paga o salário do amigo do ministro há cinco anos, segundo informação do próprio órgão. Nem o Dnit nem o Ministério dos Transportes informaram que empresa faz os pagamentos ao funcionário ; oficialmente, ele não ocupa nenhum cargo em órgãos da administração federal, seja comissionado ou efetivo. O Correio apurou que ele já foi remunerado pelo consórcio STE/Siscon, formado por duas empresas e contratado pelo Dnit para assessorar a execução de obras ferroviárias. Passou a ser cada vez mais recorrente no órgão a contratação de servidores terceirizados por meio do consórcio, o que foi considerado irregular por uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). Questionado pelo Correio, Fernando negou ser remunerado pelo STE/Siscon, mas não disse quem paga seu salário. ;Eu sou terceirizado, como há vários outros aqui.;
Cargo garantido
Fernando tem uma relação antiga de proximidade com Passos e, dentro do Dnit, costuma recorrer a essa proximidade para se garantir no cargo, mesmo sendo terceirizado e atuando na Assessoria de Controle Processual (Ascop), criada especificamente para ser chefiada por Frederico, o ;boy; do Dnit, como chegou a declarar o então diretor-geral do órgão, Luiz Antonio Pagot. No dia a dia, Fernando atuava em conjunto com Frederico, na triagem e na seleção de processos a serem encaminhados ao diretor-geral.
Um extrato de contrato publicado no Diário Oficial da União em julho do ano passado mostra que Fernando era contratado como analista de projetos pleno pelo Departamento de Engenharia e Construção do Exército. Um outro ato mostra que os vínculos de Fernando com o Ministério dos Transportes são antigos. Em fevereiro de 1995, ele foi exonerado do cargo de chefe de Serviço na Secretaria de Planejamento do ministério.
Por telefone, ontem e na quarta-feira, o Correio localizou Fernando na Ascop. O nome dele aparece na lista de contatos na recepção do Dnit. ;Eu não trabalho aqui. Só estou de passagem. Vim aqui só pegar as minhas coisas, esqueci uma agenda;, disse o servidor. A assessoria de imprensa do Dnit deu outra versão: ;Ele é analista de processos e está trabalhando normalmente, cumprindo suas 40 horas semanais. Nesta tarde (de quarta-feira), foi dispensado por ter uma consulta médica;. Ainda segundo a assessoria, a Ascop continua funcionando normalmente, mesmo após a demissão do antigo chefe, Frederico. ;A assessoria realiza o trabalho de apoio à chefia de gabinete da Diretoria-Geral.;