Politica

Planalto deve empenhar R$ 1 bi em emendas para conter insatisfações na base

Paulo de Tarso Lyra
postado em 12/08/2011 08:16
A ministra Ideli Salvatti negociou saída para a crise ontem, em reunião com o presidente da Câmara, Marco MaiaA ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, apresenta na próxima semana aos líderes da base aliada o cronograma completo de empenho das emendas parlamentares de 2011, começando neste mês e estendendo-se até o fim do ano. Não está certo ainda se esses empenhos serão mensais ou bimestrais, mas a parcela deste mês corresponderá a R$ 1 bilhão. Ficou acertado também que os ministros negociarão os critérios para liberação destes recursos diretamente com as bancadas. Eles deverão respeitar aspectos técnicos, de interesse público e respeitando as políticas de governo. ;As negociações serão feitas sempre com base na política, não no fisiologismo;, afirmou ao Correio o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

Com essa ação, o governo espera amenizar o clima de rebelião instaurado no Congresso, que culminou com a paralisação da Câmara anteontem. A obstrução teve início horas depois de a presidente Dilma Rousseff avisar aos líderes que era preciso votar as medidas de combate à crise econômica e impedir a aprovação de projetos que aumentem os gastos públicos. Um exemplo é a PEC 300, que equipara o salário de bombeiros e policiais militares de todo o país aos vencimentos pagos aos profissionais do Distrito Federal.

Reuniões
O Planalto sabe, contudo, que a questão não passa apenas pela liberação de recursos, mas também por uma atenção maior do governo aos parlamentares aliados. Por isso, a orientação dada pela presidente aos ministros, na conversa com deputados e senadores, é para ;ouvir mais do que falar;. O próprio Gilberto será um ator importante nesse processo. Na noite de quarta-feira, ele teve uma conversa relâmpago com o líder do governo no Congresso, deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS). Mas ficou acertada para a próxima semana uma reunião do ministro com Ribeiro e o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Ideli também trabalha intensamente para aplacar a crise.

Enquanto Gilberto Carvalho conversava com Mendes Ribeiro, ela recebia, em seu gabinete, senadores e deputados do PT, incluindo o relator do orçamento, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias, senador Walter Pinheiro (PT-BA). Os parlamentares foram escalados como interlocutores do governo no Congresso com o perfil de eleitores que representam ; evangélicos, ruralistas, sindicalistas. A cada um foi dada a incumbência de ouvir as queixas e rumores, além de levar as impressões e as respostas da coordenação política do governo.

Ontem, Ideli recebeu a primeira ação concreta de que as mensagens de paz estão sendo bem recebidas. O líder do PV na Câmara, Zequinha Sarney (MA), foi ao Planalto levar uma carta do partido apoiando as exonerações e investigações promovidas nos Ministérios e posicionando-se de forma contrária à paralisia nas votações do Congresso. ;Fazemos isso sem qualquer cargo no governo, porque sabemos da gravidade da crise internacional;, disse Zequinha. No fim do dia, a ministra foi à casa do presidente da Câmara, Marco Maia, conversar sobre a crise política.


PP TROCA LÍDER
Na contramão dos dissidentes da base, o PP decidiu ontem trocar a liderança do partido para garantir apoio ao Planalto. Sai o deputado Nelson Meurer (PR) e entra Aguinaldo Ribeiro (PB). Os progressistas afirmam que ficaram insatisfeitos com a postura de Meurer, na quarta-feira, de unir-se ao bloco de obstrução, o que não corresponderia à vontade da maioria. A mudança foi realizada com o aval do governo. A avaliação no partido é a de que é preciso preservar a boa relação com o Planalto, já que o ministro de Cidades, Mário Negromonte, vem sendo tratado com cuidado, ao contrário das decisões ;rápidas e atabalhoadas; no caso dos Transportes e do Turismo, que irritaram o PR e o PMDB.

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