postado em 17/08/2011 08:23
Uma queda de braço com a área econômica do governo obrigou a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, a rever a proposta de liberar R$ 5 bilhões em emendas parlamentares de deputados e senadores ; R$ 1 bilhão agora e outros R$ 4 bilhões até o final do ano. Ontem, por exemplo, no almoço com os líderes partidários na casa da deputada Ana Arraes (PSB-PE), que lidera o partido na Câmara, a ministra fez um apelo para que os parlamentares listem suas prioridades entre os R$ 13 milhões em emendas individuais que cada deputado pode apresentar. ;Vamos atender as prioridades de todos;, prometeu Ideli.Ela não falou, mas os líderes fizeram chegar aos deputados que o valor global a ser empenhado das emendas de 2011 é R$ 2 milhões por parlamentar, ou seja, menos de 20% dos R$ 13 milhões que cada congressista pode apresentar. Isso representa R$ 1,1 bilhão, ou seja, um quarto dos R$ 4 bilhões. E com uma peculiaridade: os parlamentares reeleitos terão mais emendas liberadas do que aqueles de primeiro mandato. A esses, haverá apenas uma pequena parcela, ou seja, menos de R$ 2 milhões a serem liberados das emendas apresentadas porque não se reelegeram.
No Congresso, as propostas não foram bem recebidas. ;Isso não vai mudar. Não vai sair nada além do que já foi prometido lá atrás. Ela só vai mudar mesmo essa coisa política, de conversar mais;, comentou um parlamentar que ainda iria conversar com a sua bancada e, por isso, preferiu manter o anonimato.
Ciente que a reunião entre PMDB e PT ajudou a amenizar o clima político quente da semana passada, mas não dissipou os problemas, Ideli passou a tarde no Congresso recebendo deputados ; algo que no governo Lula era rotineiro. Mas ainda assim não conseguiu organizar a base para retomar o clima ameno e as votações de interesse do governo.
Dilma, por sua vez, jogou em outras frentes. Ontem, logo depois da solenidade das universidades, no Palácio do Planalto, ela chamou o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, também presidente do PSB para um almoço. Ali, segundo relato do governador a integrantes da bancada, Dilma falou dos seus sonhos de acabar com a pobreza, sem comprometer as contas públicas. Ela disse ainda ter vontade de atuar mais no campo político chamando outros aliados para conversar, mas, ;são tantas reuniões para tratar de assuntos técnicos que sobra pouco tempo para essa parte mais política;.
À noite, Eduardo Campos voltou ao Planalto para uma reunião ampla da presidente com o PSB, o PCdoB e o PDT. O encontro foi semelhante ao que reuniu o PMDB e o PT na noite de segunda-feira, que se estendeu por duas horas, onde Dilma, o vice Michel Temer e Ideli expuseram os programas de governo e pediram apoio dos partidos. Na semana que vem, Dilma pretende chamar o PP, o PTB e demais partidos da base, como o PSC. Ao PR, que ontem anunciou uma posição de independência em relação ao governo, Dilma mandou dizer que, a depender do comportamento no plenário ; leia-se votos em favor do governo ; o partido também será chamado para tratar dos projetos governamentais.