Politica

Ex-ministro diz que crescimento do PMDB em SP assusta os adversários

Paulo de Tarso Lyra
postado em 18/08/2011 07:42
Em sua carta de demissão, o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi atribui parte das denúncias veiculadas nas últimas semanas, que culminaram em sua demissão, à disputa pela prefeitura de São Paulo em 2012. Sem citar nomes, acusou um político brasileiro de estar por trás dos ataques. ;Sei de onde partiu a campanha contra mim. Só um político brasileiro tem capacidade de pautar Veja e Folha e de acumular tantas maldades fazendo com que reiterem e requentem mentiras e matérias que não se sustentam por tantos dias;, disse, na carta de demissão. A pessoas próximas, Rossi desabafou que o responsável por sua queda seria José Serra, do PSDB, o principal nome do tucanato para a disputa municipal de 2012.

Aos aliados, Rossi reclamou que o crescimento do PMDB na capital paulista tem assustado os postulantes à prefeitura paulistana no ano que vem. Depois de anos gravitando à margem das grandes legendas no estado e na capital, os peemedebistas vislumbram finalmente a possibilidade concreta de eleger um candidato ao governo municipal. Para isso, filiaram o deputado federal Gabriel Chalita, muito próximo do governador Geraldo Alckmin. Chalita se elegeu pelo PSB, mas sua migração para o PMDB foi negociada diretamente com o vice-presidente Michel Temer.

[SAIBAMAIS]O movimento político também promoveu um outro sinal, na avaliação de cardeais peemedebistas. O PMDB vitaminado sairia da órbita do PSDB, o que enfraqueceria a candidatura de Serra. Em tempos remotos, esse cenário seria inviável. O PMDB paulista sempre foi próximo de Serra, principalmente na época em que a legenda era presidida por Orestes Quércia. Mesmo o vice-presidente Michel Temer tem uma relação boa com o PSDB paulista ; em 2002, eles estavam juntos na disputa presidencial contra o então candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, na opinião de interlocutores do PMDB e do governo, a ação de Serra seria justificável diante das pretensões de Chalita.

Tucanos rebatem
Os tucanos preferem acreditar que as afirmações de Rossi seriam um ;desabafo de um ministro demissionário;. O líder do partido na Câmara, Duarte Nogueira (SP), lembra que Serra nem mandato tem, o que diminuiria em muito seu potencial político. ;De mais a mais, existem outros políticos sem mandato com mais poder que o Serra, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva;, apontou Nogueira.

Lula está diretamente envolvido na disputa municipal de São Paulo. O ex-presidente articula a candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad. Tem promovido negociações, inclusive, para que não haja prévias internas, apesar de ter pelo menos três postulantes ao mesmo cargo: a senadora Marta Suplicy (SP) e os deputados Jilmar Tatto (SP) e Carlos Zarattini (SP). No início desta semana, Haddad recebeu o apoio de um grupo de intelectuais do partido, como a filósofa Marilena Chauí e o jornalista Eugênio Bucci.

Haddad, contudo, enfrenta resistências fortes no próprio PT. Na última caravana organizada pelo diretório estadual petista com os candidatos, Marta Suplicy afirmou que, ;se Lula quiser perder as eleições em São Paulo, basta escolher Haddad;. Dois dias depois, Marta perdeu o encanto interno com a deflagração da Operação Voucher, que prendeu 38 pessoas ligadas ao Ministério do Turismo, entre elas o ex-presidente da Embratur, Mário Moyses ; ligado diretamente à senadora petista. ;Isso será mortal na disputa do ano que vem, quando o PT ainda terá de enfrentar o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal;, disse um cacique petista.

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