Politica

Novais só vai exonerar servidores detidos se denúncias forem comprovadas

postado em 18/08/2011 08:11
Novais disse aos parlamentares que não pretende deixar o cargoO ministro do Turismo, Pedro Novais, deu mostras de que a influência do ex-secretário executivo Frederico Silva Costa, pivô das denúncias de desvio de recursos públicos em um convênio com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestutura Sustentável (Ibrasi), chegava ao Ministério do Planejamento e à Casa Civil. Um trânsito fácil que o tornou número dois da pasta. ;Ele entendia tudo e circulava muito bem nos órgãos que eram importantes para nós. Não havia motivos para não delegar poderes a ele;, disse, ao ser ouvido ontem por três comissões da Câmara.

Durante a audiência, que durou cinco horas, Novais anunciou que não vai demitir nenhum dos acusados e presos durante a Operação Voucher, da Polícia Federal. A proteção inclui até a permanência de Frederico ; chamado várias vezes de Fred pelo ministro ;, que pediu demissão na última terça-feira, mas continua recebendo salário. Novais afirmou que qualquer decisão só poderá ser tomada depois que as suspeitas se confirmarem. ;Não vou demitir ninguém. Isso só vai acontecer se eles forem acusados pela Justiça;, anunciou o ministro, ao responder ao questionamento de pelo menos cinco deputados sobre as demissões na pasta.

Decidido a proteger os acusados e a insistir no discurso de que as providências para apurar as denúncias estão sendo devidamente tomadas, o ministro e a cúpula peemedebista da Câmara não conseguiram disfarçar o tamanho da influência partidária na pasta. Apesar das tentativas de demonstrar que o ministério não foi loteado politicamente, a admissão de que o secretário executivo frequentemente era chamado ao Congresso para resolver pendências dos parlamentares da legenda deixou claro que a pasta servia para atender pedidos políticos.

Diante da pressão dos deputados para obter detalhes sobre a influência do partido e as relações dos peemedebistas com Frederico Costa, restou ao líder da legenda, Henrique Eduardo Alves (RN), fazer o mea-culpa. Segundo ele, o então secretário esteve ;umas três vezes no Congresso fora do horário de expediente;. De acordo com o peemedebista, os encontros ocorreram em dias em que não houve tempo para que resolvessem as pendências no ministério. ;Fiz isso para atender aos pedidos da minha bancada e faria de novo, se fosse necessário. Até porque foram encontros para tratar de assuntos republicanos;, disse.

Pressão
Pressionado pelos oposicionistas a deixar o cargo, Novais foi direto e disse que a ideia não faz parte dos seus planos. ;Só saio se a presidente Dilma me demitir, se eu perder o apoio do partido ou se eu ficar doente. Se nada disso acontecer, vou ficar;, respondeu ele.

A crise no ministério teve início em 9 de agosto, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Voucher. Foram cumpridos 38 mandados de prisão e 36 pessoas foram presas, sendo sete servidores da pasta. Os funcionários do Turismo estão afastados dos cargos, mas não foram demitidos. As denúncias são investigadas pela PF, pela Controladoria-Geral da União e pela Procuradoria da República em Macapá.

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