postado em 19/08/2011 07:53
Fechado em seu gabinete de líder do governo no Congresso, o novo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), 56 anos, assume o cargo com uma no cravo e outra na ferradura. Ao mesmo tempo em que declara com todas as letras ter ;muito a aprender; com o antecessor Wagner Rossi, que pediu demissão depois da saraivada de denúncias sobre ações incompatíveis com o cargo, avisa: ;Vou trocar todos que achar que tiver que trocar. Mas vou primeiro conversar com a presidente Dilma Rousseff;. Questionado sobre o que tem a aprender com Rossi, o novo ministro esclarece: ;As políticas do arroz, por exemplo, o plano-safra. A política agrícola foi extremamente bem encaminhada por ele;.Mendes Ribeiro diz que sua função não é promover uma caça às bruxas e tem dúvidas sobre o que fará a respeito das denúncias que recaem sobre a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). ;Não sei nem que tipo de faxina tem que ser feita. Minha função é cuidar da Agricultura. Quem cuida disso (da faxina) é o Jorge Hage;, completa, referindo-se ao ministro da Controladoria-Geral da União.
O peemedebista conversou com o Correio no início da tarde, logo depois de encontro com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Ele contou que vai ouvir vários ex-ministros, inclusive Rossi, e integrantes do setor agropecuário para traçar um diagnóstico antes de levar qualquer sugestão à presidente Dilma, com quem se reunirá hoje. Ontem, Mendes Ribeiro começou essas consultas. Foi à casa do senador Waldemir Moka (PMDB-MT), um dos integrantes do grupo dos independentes do PMDB, o G-8, e da bancada ruralista. Falou com Blairo Maggi (PR-MT) e a presidente Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu (PSD-TO). Hoje, será a vez do ex-ministro Pratini de Moraes, do governo Fernando Henrique Cardoso.
Faxina
Nem sei que tipo de faxina tem que ser feita. Isso é com outra pasta, a do Jorge Hage (Controladoria-Geral da União). Minha função é tratar da política agrícola. Sou a favor da transparência total, aliás, lamento não ter aprovado a lei de acesso à informação como líder do governo no Congresso. A luz do sol é o melhor desinfetante. O homem, quanto mais fiscalizado, mais honesto será. Vou trocar todos que achar que tiver que trocar, mas vou conversar com a presidente Dilma Rousseff.
Wagner Rossi
Tenho muito a aprender com ele, sobre política do arroz, plano-safra. A política agrícola foi extremamente bem encaminhada por ele. O Rossi foi muito judiado. Ele achou que devia sair. O partido fechou o meu nome e a presidente Dilma aceitou.
Dilma
Conheço a presidente há 30 anos. Foi a presidente que elegi. Tive a honra de fazer campanha para ela e o gosto de votar em Dilma. Se dependesse de mim, o PMDB do Rio Grande do Sul teria apoiado Dilma. Aqueles que não votaram e hoje dizem que ela está bem me deixam honrado. Quando dizem que ela é brava, etc., é uma barbaridade. Não é a Dilma que eu conheço. Ela é séria, dedicada e técnica.
Futuro Político
A Prefeitura de Porto Alegre não está no meu horizonte, fui candidato pelo meu partido. Hoje, a candidatura está entregue ao PMDB. O que o PMDB gaúcho decidir, eu apoio. Agora, neste momento, sou deputado e estarei ministro.
PMDB
Não tenho a pretensão de achar que a minha escolha irá pacificar a bancada. Mas sou de agregar. E vou ajudar no que puder.
Rio Grande do Sul
Tudo o que eu puder fazer para ajudar o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, eu farei. É um estado produtor que merece atenção.
A escolha
Me deram 10 minutos para decidir. Não foi muito tempo, mas o suficiente para avaliar o desafio e dizer sim. E hoje (ontem), ouvi o convite oficial, que me encheu de satisfação. As pessoas olham o Brasil como um caminhão, às vezes sobe ladeira, às vezes é descida. Mas sempre bem conduzido. Dilma está acertando e espero contribuir para esse acerto.