postado em 01/09/2011 08:23
Um café da manhã na casa da líder do PSB na Câmara, Ana Arraes (PSB-PE), com a presença do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e do presidente socialista, Eduardo Campos, selou um pré-acordo para que os dois partidos sigam juntos na campanha pela reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB). Pelo desenho inicial, o PT permanece com a vice-prefeitura e o PSDB, com o compromisso de permanecer no comando da Câmara Municipal. O encontro, no entanto, iniciou conversas que vão além das eleições de 2012. Ainda participaram do acordo o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, e o presidente do PSB mineiro, Walfrido Mares Guia, além do deputado Júlio Delgado (PSB-MG). Aécio e Eduardo fizeram questão de negar conversas rumo a 2014. ;Fizemos um convite formal para que o PSDB permaneça na aliança;, comentou Campos, sem entrar em detalhes. ;Temos uma experiência exitosa e inovadora em Belo Horizonte. Essa construção beneficiou a população;, completou Walfrido.
O gesto de aproximação ocorre exatamente duas semanas depois de os tucanos fecharem o apoio à candidatura de Ana Arraes para ministra do Tribunal de Contas da União (TCU). E, ainda, uma semana depois de o ex-presidente Lula baixar em Belo Horizonte e conclamar o PT a seguir na chapa com Márcio Lacerda. Na oportunidade, o ex-presidente fez questão de pedir o voto para a vaga no TCU, aberta com a aposentadoria de Ubiratan Aguiar, em favor de Ana Arraes.
O gesto de Lula em favor de Ana, filha do ex-governador pernambucano Miguel Arraes e mãe de Campos, contribuiu para que o candidato do PT à vaga no TCU, deputado Sérgio Carneiro (PT-BA), anunciasse ontem a saída do páreo. ;Fui escolhido relator do Código de Processo Civil. Para mim, como advogado, isso é mais importante do que concorrer ao TCU;, ponderou.
Candidaturas
No PT, há quem diga que é preciso chamar o PSB e o PCdoB, de Aldo Rebelo (SP), para uma conversa franca. Além disso, há outras duas candidaturas na base aliada: Jovair Arantes (PTB-GO) e Átila Lins (PMDB-AM). A presidente Dilma Rousseff tem dito que prefere não influenciar na disputa, mas, dentro do PT, há quem enxergue o fortalecimento de Ana fora da base aliada. Para esfriar as negociações futuras entre Campos e Aécio, o ex-presidente Lula teve de entrar na roda em Minas Gerais.
Tucanos e petistas perceberam que Eduardo Campos é aliado forte em 2014. Candidato à reeleição para o governo de Pernambuco, Campos obteve no ano passado mais de 70% dos votos no estado, enquanto Dilma Rousseff não chegou nem perto desse patamar. Além disso, ele é visto como potencial candidato à Presidência da República. Por isso, o PSDB faz gestos para atraí-lo e o PT, para administrá-lo ; uma vez que o partido de Lula tem dado preferência ao PMDB nas conversas sobre o futuro. Por isso, muitos avaliam que o jogo de 2014 começou a nascer por Belo Horizonte e pela disputa do TCU.