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Escândalo nem sequer existiu, diz Dirceu acerca do mensalão

postado em 10/09/2011 09:10
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu afirma que não tinha influência sobre o PT na época em que exercia o cargo no primeiro escalão do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A afirmação está destacada no documento de 168 páginas que os advogados do petista entregaram ao Supremo Tribunal Federal (STF), na última quinta-feira, com as alegações finais de Dirceu no processo do mensalão, no qual é réu. Ele é acusado pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha.

Na denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), Dirceu é apontado como o ;criador do esquema do mensalão; e o ;chefe do organograma delituoso;. No entanto, seus advogados afirmam que não ficou provado o envolvimento do ex-ministro em qualquer irregularidade e sequer que o mensalão tenha existido. Segundo a defesa, as acusações não se sustentaram durante o processo penal.

;Derrubando cada um dos indícios brandidos pela denúncia, a prova judicial assegurou que José Dirceu se dedicava exclusivamente ao governo, não comandava os atos dos dirigentes do PT, não tinha controle nem ciência das atividades de Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT), não decidia nomeações e não mantinha vínculo com Marcos Valério (publicitário apontado como operador do mensalão);, destaca a defesa do ex-ministro.

José Dirceu recorreu também a uma série de citações de políticos aliados, que saíram em sua defesa, em mais de uma ocasião, em relação às acusações de participação no mensalão. Nas citações, há frases da presidente Dilma Rousseff e também do ex-presidente Lula. Entre as alegações de Dilma, os advogados de Dirceu destacam uma em que ela afirma que o ex-ministro é ;uma pessoa injustiçada e tem por ele grande respeito;.

A defesa de Dirceu acrescenta que o presidente do PTB, Roberto Jefferson, denunciou à imprensa a existência do mensalão para desviar o foco de acusações que rondavam o PTB em 2005, quando o mensalão veio à tona. ;O depoimento de Roberto Jefferson, usado pela acusação como o mais forte indício da existência de compra de votos, perdeu totalmente a já abalada credibilidade após o confronto com toda a prova constituída ao longo da ação penal;, destaca.

Pesquisa
O deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), que também apresentou sua defesa na quinta-feira, último dia do prazo, confirma ter recebido R$ 50 mil na época em que presidia a Câmara dos Deputados. Ele, porém, alega que a quantia foi destinada à realização de uma pesquisa. ;Está claro que o dinheiro foi pedido ao Delúbio. Era ignorado que esse dinheiro vinha do Marcos Valério;, afirma Alberto Toron, advogado do parlamentar.

De acordo com a denúncia do MPF, João Paulo, que responde pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato, teria recebido R$ 50 mil do publicitário Marcos Valério para favorecer a agência do publicitário em uma licitação na Câmara, em dezembro de 2003.

Compra de apoio parlamentar
O mensalão é descrito pelo Ministério Público Federal como um esquema que desviava dinheiro público para a compra de apoio político, com o objetivo de ;garantir a continuidade do projeto de poder do PT;. Todos os 38 reús no processo encaminharam suas defesas ao Supremo até a última quinta-feira. O caso deverá ser julgado pelo plenário do STF no primeiro semestre de 2012. O relator da ação, ministro Joaquim Barbosa, pretende se dedicar até o começo do ano que vem à análise da documentação apresentada pelos denunciados e pelo MPF. Tão logo ele conclua seu voto, o caso será levado a julgamento.

Delúbio Soares diz ser ;pobre;
Na defesa entregue por seus advogados ao STF, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares afirma que é ;pobre; e vive com ;simplicidade;. Seguindo estratégia dos demais réus, Delúbio negou a existência do suposto esquema de compra de apoio político de parlamentares durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ;Homem desprendido, Delúbio vive com simplicidade, é pobre, a despeito dos tantos milhões que passaram por suas mãos. Por isso mesmo, goza de imenso respeito entre os que compartilham suas posições políticas;, afirmaram os advogados Arnaldo Malheiros Filho e Celso Sanchez Vilardi.

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