Politica

Dilma Rousseff não poupa sorrisos ao tucano Geraldo Alckmin

postado em 14/09/2011 08:20

Elogios rasgados, abraços calorosos pelos bastidores e muitos sorrisos. O encontro da presidente Dilma Rousseff com o tucano Geraldo Alckmin deixou petistas de boca aberta ontem em São Paulo. Ela e o governador assinaram, no Palácio dos Bandeirantes, o repasse de R$ 1,72 bilhão feito pelo governo federal para as obras do trecho norte do Rodoanel. Antes, os dois estiveram juntos no município de Araçatuba para o lançamento da pedra fundamental do Estaleiro Rio Tietê. ;Sozinhos, temos dificuldade de fazer obras de impacto. Quando nos unimos, quando ultrapassamos quaisquer pensamentos que não sejam o bem público, nós conseguimos fazer mais;, ressaltou a presidente para uma ninhada de tucanos que a aplaudiram euforicamente.

Sorridente, Alckmin reforçou mais de uma vez que São Paulo é um grande parceiro do governo federal e que ele ;torce muito; por Dilma. Em discurso, o governador enalteceu as características republicanas de Dilma e garantiu a ela que, no que depender de São Paulo, as obras para a Copa de 2014 não sofrerão atrasos. Dilma estendeu os afagos até ao seu oponente nas eleições do ano passado, José Serra, a quem fez questão de cumprimentar. Os elogios aos tucanos foram feitos na frente do ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, da senadora Marta Suplicy (PT) e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a quem Dilma chegou a chamar de governador.

Em Araçatuba, sempre ao lado de Alckmin, a presidente assinou acordo para investimento de R$ 1,5 bilhão na modernização e ampliação de 800km da Hidrovia Rio Tietê, sendo que, do total, R$ 900 milhões sairão de recursos do PAC 2 e R$ 600 milhões, do governo paulista. ;Trata-se de um empreendimento que, pelo porte, tem que ser feito em parceria. E aqui nós mostramos a vantagem da adoção de um princípio republicano nas relações entre governo federal e governo estadual;, destacou a presidente.

Descontraída, Dilma chegou a dizer que a parceria entre o PT e o PSDB começou há alguns dias, quando foi selada a unificação do cartão Bolsa Família, seu carro-chefe para erradicar a pobreza no país. Alckmin retrucou a fala gentil de Dilma dizendo que era uma ;alegria; participar das obras da hidrovia. Ele saudou Dilma cinco vezes durante o discurso, algo incomum nesse tipo de cerimônia.

O convênio assinado por Dilma e Alckmin prevê investimento de R$ 6,51 bilhões no eixo norte do Rodoanel, sendo que R$ 1,72 bilhão será da União; R$ 2,79 bilhões, do governo paulista; e R$ 2 bilhões, do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Essa obra, essencial para desafogar o trânsito de São Paulo, foi uma das mais usadas pelo tucano na campanha ao governo, no ano passado, em que derrotou Aloizio Mercadante; e por Serra quando concorreu com Dilma ao Palácio do Planalto. Na verdade, a parceria entre os governos federal e de São Paulo para o anel viário começou em 1999, quando o presidente era Fernando Henrique Cardoso e, pelo contrato, deverá durar até 2015.

No fim do encontro com os tucanos, Dilma falou da crise econômica e da força do mercado interno brasileiro. ;O governo tem que fazer sistematicamente a sua parte no que se refere a garantir que o país continue consumindo, investindo e produzindo para o mercado interno;, destacou. ;Enquanto os países europeus discutem como é que fica a crise da dívida dos seus bancos, nós estamos aqui gastando o nosso dinheiro em parcerias público-privadas, em parcerias entre o governo federal e o governo estadual para criar desenvolvimento, emprego e renda;, destacou.

A presidente usou o novo estaleiro no Rio Tietê com exemplo de fortalecimento do mercado interno, já que a construção do local e a ampliação da hidrovia destinam-se principalmente ao transporte de etanol. ;Nós sabemos que a melhor forma de resistir à crise no Brasil é continuar consumindo, produzindo, investindo em infraestrutura, plantando e colhendo, e assegurando às nossas indústrias o seu componente nacional;.

Lula em alerta

Quem não anda muito satisfeito com os afagos entre Dilma Rousseff e os tucanos paulistas é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele vem reclamando a aliados que o PT paulista não colhe louros com essas obras e que essas imagens em que Dilma elogia Alckmin vão parar no programa de tevê dos tucanos nas eleições do ano que vem. Além do Rodoanel, petistas e tucanos trabalham juntos para tirar do papel a Hidrovia Tietê-Paraná, orçada em R$ 1,5 bilhão; e o trecho norte do Ferroanel, avaliada em R$ 1,2 bilhão.

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