postado em 29/09/2011 07:39
O PSD apresentou um manifesto em que defende uma constituinte exclusiva em 2014 para a revisão da Carta de 1988, mas os principais holofotes sobre o partido têm outro motivo, alheio à bandeira ideológica. Muitas legendas consideram que o PSD está em ;estágio probatório; e olham com desconfiança para o charme extra do partido nos próximos 30 dias ; período em que a lei ainda permite a filiação a uma sigla recém-criada, sem risco de perda do mandato. A janela da infidelidade aberta pode ainda virar objeto de ameaça por parte de deputados e senadores que, se não atendidos em seus respectivos partidos, cogitam migrar de legenda. A insatisfação de muitos parlamentares com seus respectivos partidos serviria de argamassa para o PSD conquistar até 60 deputados, a quarta força na Câmara, atrás apenas do PT, do PMDB e do PSDB. Com o êxodo batendo à porta, os líderes estão em alerta. O do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), será hoje o portador do convite oficial para ingresso do partido na base governista, a ser entregue ao comandante do PSD na Câmara, Guilherme Campos (SP).
O rol dos insatisfeitos tem vários exemplos, como o do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA). Interessado em concorrer à prefeitura de Belém em 2012, ele tem até 7 de outubro (um ano antes da eleição) para definir seu destino, a fim de cumprir o prazo de filiação partidária. Se não conseguir a candidatura pelos tucanos, Flexa pode pular no barco pessedista. ;Estou avaliando e vou continuar na oposição construtiva que venho exercendo;, afirmou. Para não atrapalhar os namoros da hora, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, garantiu que o novo partido será independente. ;O PSD afirma que não fará oposição pela oposição. Faremos política para ajudar o Brasil. Nossos adversários não são inimigos a eliminar, mas cidadãos com os quais vamos dialogar, sem violências ou radicalismos;, discursou.
Alianças
Enquanto isso, na base aliada ao Planalto estão todos de olho nas associações que a legenda fará com os demais partidos, uma vez que, sem fundo partidário, tempo de tevê ou mesmo lugar à Mesa Diretora da Câmara ou salas para funcionar, o PSD terá de se aliar para conseguir fôlego de atuação nas duas Casas e nas eleições municipais. ;A criação já foi, agora é esperar os efeitos. Muita gente que ajudou vai acabar se arrependendo de ter ajudado a criar um monstro que irá atacar depois;, comenta o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).
Vieira Lima diz o que muitos temem, mas não confessam. Sem tempo de TV, o PSD não terá muito o que oferecer para a eleição de 2012, à exceção de São Paulo, onde controla o terceiro maior orçamento do país. Por isso, há quem diga que o primeiro grande movimento político da legenda será mesmo a disputa pela Presidência da Câmara, em 2013. No PT, calcula-se que, se vingar o bloco em discussão entre PSB, PCdoB, PDT e PSD, a campanha de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) pode ficar comprometida.
O próprio Kassab deixa claro que a força hoje é a atuação congressual dos deputados e dos dois governadores filiados, Omar Aziz (AM) e Raimundo Colombo (SC). O prefeito frisou ainda que o PSD é contra a regulação da mídia, trabalhará pelo combate à corrupção e apostará na agricultura e na pecuária como pilares do país. Em entrevista, ele comentou que o partido defenderá o voto distrital nos 85 municípios acima de 200 mil eleitores e disse não temer a ameaça do DEM de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a criação do PSD. ;A Justiça Eleitoral já se pronunciou. O registro é definitivo. Agora, cabe a nós trabalhar.;