postado em 29/09/2011 07:43
A cabeça do presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Flávio Dino, está na mesa de negociações que PMDB e PCdoB estão travando com o objetivo de encontrar a solução para a candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado em fevereiro de 2013. A fim de evitar a regra do rodízio e manter o comando do Senado, uma ala da cúpula do PMDB mais afinada com Renan inicia o movimento de desidratação da pré-candidatura do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), prometendo apoio ao deputado Aldo Rebelo (PCdoB) na disputa pela presidência da Câmara quando a gestão de Marco Maia (PT-RS) chegar ao fim.
O PMDB já acenou com o apoio a Aldo para enfraquecer de antevéspera o atual líder do partido, pois a legenda não pode presidir as duas Casas ao mesmo tempo e a preferência da cúpula partidária é pelo Senado, mais especificamente por Renan. O senador José Sarney (PMDB-AP) exerce segundo mandato consecutivo de presidente e não pode concorrer em 2013. ;Perderemos o anel para não perder os dedos;, resume um parlamentar do PMDB ao Correio.
Para apoiar Aldo, no entanto, os peemedebistas pedem um ;bônus; aos comunistas. A negociação envolve a ;devolução; da Embratur, comandada por Dino, ao PMDB. Os aliados de Renan alegam que o partido deve assumir o instituto para ;amarrar o Ministério do Turismo;, entregue a Gastão Vieira após a saída do correligionário Pedro Novais, afastado por denúncias de irregularidades. A presença de Flávio Dino em um órgão estratégico da pasta capitaneada pelo PMDB do Maranhão incomoda a cúpula do partido. O atual presidente da Embratur foi adversário de Roseana Sarney (PMDB) na disputa pelo governo maranhense no ano passado. Dino é considerado o nome mais forte para vencer o PMDB no estado em futuras eleições e fez sua carreira política como oposição ao partido no Maranhão. Questionado sobre a suposta pressão do PMDB, o líder do PCdoB no Senado, Inácio Arruda (CE), desconversa. ;O Flávio Dino está fazendo um excelente trabalho na Embratur, não há porque falar isso.;
Campanha
Assim como Renan, Aldo Rebelo está com a campanha na rua. Na próxima semana, ele deve se reunir com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para conversar sobre a eleição da deputada Ana Arraes (PSB-PE) para o Tribunal de Contas da União (TCU). Aldo e Ana ; mãe de Campos ; se enfrentaram pelo cargo de ministro da Corte. O apoio do PSB à candidatura do comunista na Câmara poderia funcionar como compensação.
Mas o histórico de Aldo com o PSB não ajuda. Em 2005, quando o então presidente da Câmara Severino Cavalcanti deixou o cargo após denúncias, o então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, convocou reunião para decidir quem o governo apoiaria para a sucessão. Lula mostrou preferência por Campos, então deputado, mas o socialista afirmou que tinha a intenção de disputar o governo de Pernambuco e indicou Aldo. A gentileza, no entanto, não foi retribuída nas disputas futuras pelo comando da Casa e o comunista mantém dívida com o PSB.
Colaborou Paulo de Tarso Lyra
Bancadas
As duas maiores bancadas do Congresso, PT e PMDB, têm um acordo para revezar o comando da Câmara. No início deste ano, os peemedebistas apoiaram a candidatura do deputado Marco Maia (PT-RS) e receberam dos petistas o compromisso de que indicariam o presidente no próximo biênio, que tem início em 2013. Também faz parte do acordo que um dos partidos não acumule a presidência das duas Casas no mesmo biênio. Assim, pelo acordo, o PMDB não continuaria com o comando do Senado no próximo mandato.