Politica

Dilma afirma que UE pode contar com o Brasil para sair da crise

Agência France-Presse
postado em 04/10/2011 08:39

Bruxelas - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (4/10) que a União Europeia (UE) pode contar com o Brasil para enfrentar a crise da dívida e explicou aos europeus que, por experiência própria, um aumento das medidas de austeridade equivale a mais desemprego e desigualdade social.

"A UE pode contar com o Brasil", declarou a presidente em uma entrevista coletiva conjunta com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. "É fundamental a coordenação política dos países para enfrentar este momento", completou Dilma, no segundo dia da V Reunião de Cúpula UE-Brasil.

A presidente informou que os ministros da Economia da Unasul se reunirão nos próximos dias para coordenar as posições antes da reunião do G20, que acontecerá na cidade francesa de Cannes nos dias 3 e 4 de novembro. "Isto é um diálogo no qual deve participar também toda a América do Sul", declarou a presidente, em referência à União de Nações Sul-Americanas (Unasul), integrada por Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.

"A história nos mostra que a única saída para a crise é por meio do estímulo ao crescimento econômico, com políticas de estabilidade macroeconômica, combinada com políticas sociais", afirmou a presidente aos europeus. "Não faz nenhum sentido a adoção apenas de medidas de austeridade", advertiu.

Os dirigentes da UE elaboraram planos rígidos para sair da recessão, que incluem medidas drásticas de austeridade para os países em dificuldades, sobretudo para a Grécia. "É preciso evitar que a população perca a esperança no futuro", disse. "Assim demonstra a experiência latino-americana nas décadas passadas", recordou Dilma. Do contrário, acontecerão "mais recessão produtiva, aumento do desemprego e desigualdade social", alertou.

O Brasil integra o grupo dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que recentemente se declarou disposto a considerar, se necessário, um apoio, via FMI ou outras instituições financeiras internacionais, para enfrentar os desafios da estabilidade financeira mundial.

[SAIBAMAIS]"O Brasil sabe por experiência própria que apenas o estímulo ao crescimento econômico é capaz de gerar recursos para pagar a dívida e para o equilíbrio das finanças públicas".

Dilma Rousseff e os dirigentes europeus manifestaram a resolução de avançar nas negociações entre o Mercosul e a UE antes da rodada de negociações do início de novembro no Uruguai, para as quais ainda é necessário superar obstáculos no setor agrário, sobretudo os temores de produtores franceses a uma avalanche nas importações de carne da região. "Renovamos com muita determinação nosso plano de avançar para concluir um acordo de associação entre o Mercorsul e a UE, regiões que têm laços históricos e, portanto, podem e devem cooperar", destacou a presidente, sem revelar mais detalhes.

A presidente participará durante a tarde desta terça-feira no V Fórum Empresarial Brasil-União Europeia, que acontece de maneira paralela à reunião de cúpula, e inaugurará o Festival Europalia, que este ano tem o Brasil como protagonista.

Como estava previsto, tanto as autoridades europeias como Dilma expressaram um particular interesse em aprofundar o comércio e investimentos bilaterais. O Brasil é o quarto principal destino dos investimentos europeus e o sexto maior investidor na Europa. No primeiro semestre de 2011 se tornou o nono sócio comercial da UE. Brasil e UE assinaram acordos de turismo, política espacial e educação. "O Brasil terá sempre uma voz solidária com a União Europeia", concluiu Rousseff.

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