postado em 07/10/2011 08:13
Depois de passar pelo PSDB e pelo PMDB, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles mudará de partido novamente. Ontem, seus advogados correram no sentido de garantir a sua desfiliação do PMDB de Goiás e começar a arrumar os papéis para que o guardião da política monetária nos oito anos do governo Lula transferisse o domicílio eleitoral para São Paulo. Amigos de Meirelles em Goiás davam como certa a perspectiva de ingresso ainda hoje no PSD de Gilberto Kassab. No horizonte, a tentativa de chegar à prefeitura da maior capital do país. A filiação deve ser confirmada ainda hoje no PSD. Com a mudança do título para São Paulo, Meirelles surge como a maior novidade na corrida pela prefeitura paulistana, guindando Kassab à condição de articulador político capaz de imobilizar o presidente Lula sem atacar o petista diretamente.
Kassab e Meirelles tiveram pelo menos dois encontros no último mês. Silenciosamente, trocaram ideias sobre a economia brasileira, a crise europeia e as perspectivas políticas e também São Paulo. Entre os pessedistas, há quem diga que Meirelles foi tão ministro de Lula quanto Fernando Haddad. E se isso for levado ao pé da letra, foi até mais, uma vez que ingressou no BC no início do primeiro governo e só saiu em 2010. Durante os oito anos de governo, Lula rendeu homenagens a Meirelles e há um farto material gravado em seu favor. Também já foi do PSDB, de onde saiu em 2003 para assumir o Banco Central. Em 2009, ingressou no PMDB na perspectiva de assumir a vice de Dilma Rousseff. A operação não deu certo porque o PMDB não abriu mão de colocar ali um de seus maiores representantes. Depois, esperava ainda ser candidato a governador de Goiás. Mais uma vez foi preterido por um antigo peemedebista, Íris Rezende.
Desfiliação
O presidente do PMDB de Anápolis, Air Ganzarolli, estava em Brasília num almoço com a deputada Íris de Araújo (PMDB-GO), quando recebeu um telefonema de Marconi Pimenteira, advogado de Meirelles, o mesmo que cuidou da filiação do secretário de Educação de Goiás, Thiago Peixoto, ao PSD. Pimenteira disse que precisava da assinatura de Ganzarolli ainda ontem no pedido de desfiliação. ;O pedido já está comigo. Meirelles não está mais no PMDB;, afirmou. Como Ganzarolli só chegou a Anápolis no fim da tarde, Pimenteira procurou ainda o diretório estadual para se cercar de que a desfiliação ocorrera dentro do prazo.
Como não tem mandato, Meirelles pode ir para qualquer partido, sem correr riscos de retaliações ou ações judiciais. Não precisaria, necessariamente, seguir para o PSD. Em fase de consolidação, a legenda é a parada obrigatório para quem tem mandato e está desconfortável no partido de origem ; pela sigla ter sido criada agora, ninguém perderia o posto eletivo por optar entrar em suas fileiras.
Enquanto Kassab arma seu jogo, o PSDB tenta se organizar. Ontem, um jantar reuniu o presidente do partido, Sérgio Guerra, os ex-governadores paulistas José Serra e Alberto Goldmann, e o senador Aloysio Nunes Ferreira. A ideia era esfriar a briga estadual. Afinal, fora do PSDB há quem aposte que, se Serra ficar muito desconfortável no PSDB, pode perfeitamente no futuro migrar para o PSD de Kassab. ;Podem apostar que é isso que ele fará;, comentou o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP). Afinal, no caso de Meirelles, o PMDB tolheu tanto as pretensões do economista que ele acabou pedindo o boné.