Jornal Correio Braziliense

Politica

A caixa-preta do orçamento das obras

Um dos pontos mais polêmicos do RDC gira em torno do sigilo do orçamento, que, segundo críticos do projeto, pode levar ao descontrole do custo do evento. De acordo com a lei, apenas órgãos de controle e a própria administração pública terão acesso à estimativa de preço das obras. Para preparar sua proposta, a empresa participante da licitação receberá apenas um anteprojeto de engenharia, escrito pelo governo. Daí até o fim do processo, o orçamento será mantido em segredo, para não afetar o valor dos lances propostos.

O presidente do TCU, ministro Benjamin Zymler, recomendou que o anteprojeto de engenharia seja benfeito, para evitar que a empresa tenha vantagem em relação ao Estado, superfaturando a obra, por exemplo, ou o Estado em relação à empresa. Nessa segunda hipótese, menos provável, uma empreiteira poderia começar os trabalhos e depois ter que parar as máquinas por falta de condições financeiras.
Cobranças

O movimento Jogos Limpos dentro e fora dos Estádios, criado por entidades como o Instituto Ethos para acompanhar e cobrar o bom uso do dinheiro público na realização dos eventos de 2014 e 2016, foi um dos críticos do sigilo no orçamento. Segundo Francisco Sadeck, representante no Distrito Federal do Jogos Limpos, haveria uma maneira de combinar transparência e economia de recursos. ;O governo propôs o sigilo para se resguardar, mas, se ele quisesse, poderia, depois da licitação, fazer um crédito suplementar, aumentando o valor previsto, para ter recursos para esses gastos futuros.;

A aposta em transparência que o RDC faz está na publicidade dos atos da licitação. Hoje, pela Lei n; 8.666, apenas o Diário Oficial publica as informações. O novo regime propõe que tudo seja divulgado na internet, na página da administração. Agora, Sadeck lembra, cabe à sociedade cobrar das autoridades e monitorar essas obras. (GA)