Politica

Aldo Rebelo toma posse na segunda-feira e anuncia fim de contratos com ONGs

Paulo de Tarso Lyra
postado em 28/10/2011 07:53

O novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, toma posse na segunda-feira com a missão de limpar o nome do PCdoB e provar que o partido pode sim tocar projetos de projeção internacional, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Para isso, visitará todos os estádios a partir de novembro, não poupará ninguém e já tem na cabeça algumas medidas. ;Vou trocar o secretário executivo e o chefe de gabinete. São cargos de confiança estrita do ministro;, afirmou. Referia-se a Waldemar Manoel Silva de Souza e a Vicente José de Lima Neto, respectivamente, ligados diretamente ao ex-ministro Orlando Silva. Os contratos com as ONGs, estrelas das ações promovidas pelo Programa Segundo Tempo, também serão suspensos. ;Não vamos mais assinar esse tipo de contrato. Vou suspender. Os demais, vamos analisar. Nosso interesse é usar o recurso público da melhor forma possível;, disse Aldo.

O Programa Segundo Tempo, vinculado à Secretaria de Esporte Educacional, é considerado hoje o ponto fraco da gestão no Esporte. Foi dali que partiram as denúncias que inviabilizaram a permanência de Orlando Silva. Dados de relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU) mostram que, além das supostas irregularidades em contratos com ONGs, o ministério erra ao estabelecer preços abaixo dos aplicados no mercado para abrir os editais, forçando as concorrentes a firmarem acordo para distribuir material esportivo para o Segundo Tempo pelo piso do pregão. Logo após vencer a concorrência, no entanto, as entidades não conseguem aplicar o preço selecionado e o ministério é obrigado a pagar aditivos de contrato para que o material seja distribuído, abrindo caminho para desvios de recursos e dificultando o processo de transparência. É aí que Dilma espera um empenho do novo ministro no sentido de revisar os procedimentos e reforçar a fiscalização. Ela inclusive já havia feito esse pedido a Orlando Silva na semana passada, mas, o ministro, enfraquecido, caiu antes.

Esse programa foi assunto ontem de um almoço entre Aldo e o antecessor, Orlando Silva. Estavam presentes ainda o líder do PCdoB na Câmara, Osmar Prado (PI), e o prefeito de Olinda, Renildo Calheiros. Ali, Aldo recebeu uma radiografia do que existe hoje no ministério, suas secretarias e principais programas. Passaram um por um, uma vez que Aldo nem sequer conhecia a estrutura da pasta.

Juventude socialista

Dilma e o partido deram carta branca para Aldo trocar quem quiser. Para a presidente, o fundamental agora é resolver os problemas e criar uma agenda positiva para a pasta. Ela não impôs restrições à indicação de militantes do PCdoB. Uma das mudanças que será perceptível, na avaliação de aliados do Planalto, é a mudança na faixa etária média na pasta. A equipe de Orlando tinha, em média, 40 anos. ;Não era o partido comunista, era a UJS (União da Juventude Socialista);, avaliou um assessor do Palácio do Planalto.

Aldo herdará um orçamento de R$ 2,3 bilhões e problemas que se arrastam há anos. A opção administrativa de lotear áreas-chaves do ministério com quadros políticos do
PCdoB vindos de Distrito Federal, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Mato Grosso reduziu o poder de ação e transformou a pasta em uma distribuidora de material e incentivadora do esporte como modalidade de lazer.

Além do problemático Programa Segundo Tempo, há outros pontos nevrálgicos, como a Assessoria Especial do Futebol, da Secretaria Executiva, e a Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento. No âmbito do Segundo Tempo, o secretário Wadson Nathaniel Ribeiro apresenta perfil mais político do que técnico. Ele é dirigente do PCdoB de Minas Gerais e o currículo de ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) contribuiu para sua nomeação.

A gestão da Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento também não está garantida. O secretário Ricardo Leyser Gonçalves, que teve as contas questionadas pelo TCU quando esteve à frente da organização dos jogos Pan-Americanos de 2007, também está na mira das mudanças. A gestão dos programas de Alto Rendimento é considerada insuficiente e a secretaria alcançou 10% da meta de descobrimento de talentos, e não conseguiu cadastrar 40 mil novos atletas conforme a previsão. Em vez de fornecer acompanhamento e estrutura para os atletas, o ministério tem optado por apenas distribuir bolsas, sem alcançar o resultado esperado de formar competidores de alto nível.

Quanto à Fifa e à CBF, Aldo assume disposto a manter o mesmo tom duro adotado por Orlando. Para tanto, já assumiu defendendo a meia-entrada. ;Sempre fui a favor;, disse ele. E nem poderia ser diferente. Afinal, nas palavras da presidente Dilma, ;não é um assunto de ministério, mas de governo;.

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