postado em 29/10/2011 08:00
O relator do projeto da Lei Geral da Copa, deputado Vicente Cândido (PT-SP), pretende colocar no texto da proposta um artigo que estabelece uma cota de 30% para a compra de ingressos do Mundial destinada à meia-entrada e à população de baixa renda. No projeto encaminhado ao Congresso pelo Executivo, não há nenhuma menção sobre essas duas modalidades, apenas que é uma prerrogativa da Fifa estabelecer os preços dos ingressos.A medida, no entanto, é uma tentativa de encontrar um meio-termo entre o que quer o Palácio do Planalto e a entidade máxima do futebol. O governo não abre mão da meia-entrada para pessoas com mais de 60 anos, como prevê o Estatuto do Idoso, uma lei federal. Em contrapartida, a Fifa bate o pé contra o pagamento da metade do valor para os jovens, cujas regras variam em cada unidade da Federação.
De acordo com Vicente Cândido, a cota seria dividida em 15% para os estudantes e idosos e os outros 15% para os torcedores de baixa renda. O parlamentar defende ainda que o valor da entrada popular seja inferior ao da meia-entrada. Os ingressos para as 64 partidas da Copa devem começar a ser vendidos em agosto de 2013, logo após a Copa das Confederações.
Mesa-redonda
A venda de ingressos populares não será novidade no Brasil. Na África do Sul, a entrada mais barata ; disponível apenas para os moradores do país ;custava cerca de R$ 30. A expectativa da Fifa é que sejam vendidos cerca de 3 milhões de ingressos no Brasil. Caso a proposta do deputado seja aprovada, pelo menos 900 mil ingressos receberiam desconto. ;É uma negociação difícil;, adiantou o deputado ao Correio.
No próximo dia 7, será realizada uma mesa redonda com o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, em São Paulo, para discutir a proposta. No dia seguinte, Valcke e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, participam de audiência na Comissão Especial da Câmara que trata do projeto da Lei Geral da Copa.
Defensor histórico da meia-entrada, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse que seguirá a cartilha apresentada pelo Palácio do Planalto. ;Sou a favor da posição do governo; disse o ministro. Aldo, no entanto, não soube responder quem deve arcar com o subsídio da meia-entrada. ;Não sei quem deve pagar.;
Em entrevista ao Correio, o ministro também falou sobre o fato de o irmão, Apolinário Rebelo, ter sido citado em depoimento feito na Polícia Federal pelo delator do suposto esquema de desvio no ministério, João Dias Ferreira. Apolinário é vice-presidente do PCdoB no Distrito Federal, partido de Aldo. ;Esse problema tem de ser conversado com ele. Ele não trabalhou nem trabalha comigo. Mas não creio na procedência da denúncia;, ressaltou Aldo. No depoimento realizado na semana passada, Ferreira afirmou que foi Apolinário quem indicou o dirigente do partido, Fredo Ebling, como responsável pela arrecadação do dinheiro supostamente desviado do Ministério do Esporte, cujas denúncias culminaram na demissão de Orlando Silva na última quarta-feira.